Tarifas de energia dobraram nas lavouras gaúchas de arroz; no ES, alta já superou 80% e prejudica irrigação
São Paulo - Além da falta de chuvas, uma soma de fatores onerou a energia elétrica - um dos principais insumos agropecuários - neste ano. Com um forte impacto nos custos de produção, alimentos básicos, como o arroz, já ficaram mais caros.
"A energia aumentou nossos gastos de forma muito grande, principalmente, pela irrigação, mas não para por aí. Ainda a utilizamos para secagem do arroz. De um ano para o outro, temos um impacto de 100% nas tarifas, que nos reverteu em menos renda no campo", conta o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles. O estado é o maior produtor do grão no País.
O executivo explica que os custos variáveis, em geral, passaram de R$ 26 a R$ 29 por saca de 50 quilos, para R$ 33 a R$ 36, na variação anual. Em contrapartida, o valor de venda teve um acréscimo médio de R$ 1 por saca, para R$ 33,60, ou seja, abaixo do desembolso do produtor.
"Estamos até renegociando nossas dívidas, porque não conseguimos repassar aumentos maiores [para o produto final]", diz Dornelles.
No norte do Espírito Santo, o Sindicato Rural de Linhares informa que as tarifas da eletricidade foram de R$ 0,179 para R$ 0,337 por quilowatt/hora no período de um ano, um salto de 88,2%. O presidente da entidade, Antonio Roberte Bourguignon, destaca que a irrigação e os equipamentos para controle de temperatura são os que trazem os maiores prejuízos ao produtor capixaba, pela alta dependência da energia.
Conforme publicado pelo DCI, os moinhos de trigo também devem repassar acréscimo no gastos para a farinha. O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, estimou uma alta em torno de 25% para o produto final, em função de todos os fatores que oneram todo o processo (eletricidade, transporte, insumos, etc.).
Em os avicultores do Paraná são exploradas alternativas para aquecimento como gás, cavaco de madeira e geradores a diesel, entre outros.
De acordo com o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), em alguns casos, os custos de energia chegam a ser 35% do total da folha de pagamento após reajustes de até 70% nas tarifas, que variam de acordo com a produtividade da avícola.
Entenda
Na última semana, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada pelo Banco Central apontou um acréscimo de 41% para as taxas de eletricidade neste ano. O analista da Tendências Consultoria, Walter de Vitto, acredita que a elevação pode chegar a 45,5%.
Ele explica que uma conjuntura de fatores gerou a alta, dentre eles a falta de chuvas no volume ideal entre 2013 e 2015 no Sudeste e Centro-Oeste; a necessidade de energia termelétrica para suprir a lacuna deixada pelas hidrelétricas e o fim de um subsídio que vinha sendo pago pelo governo federal nos últimos dois anos. "A energia de Itaipu também teve um forte reajuste por causa do dólar" completa.
Veículo: Jornal DCI
Energia aumenta preços de produtos agropecuários
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