Cenário interno é diferente do externo, onde os preços estão em queda.
A desvalorização do real frente ao dólar, aliado ao período de entressafra, têm permitido que os preços recebidos pela comercialização da soja e do milho se mantenham altamente lucrativos em Minas Gerais e demais regiões produtoras do País. O cenário nacional é diferente do internacional, onde os preços das commodities estão em queda, influenciadas principalmente pela colheita da safra norte-americana.
No Estado, ao longo da última semana, os preços médios pagos pela saca de 60 quilos de milho ficaram em torno de R$ 31,25, valor 38,15% superior ao registrado em igual período do ano passado, quando o volume era cotado em média a R$ 31,25. No caso da soja, a alta é de 34,12%, com a saca negociada em média a R$ 78,6, frente ao valor de R$ 58,6 praticado em igual período do ano passado.
De acordo com o zootecnista e analista da Scot Consultoria, empresa especializada na análise do agronegócio, Rafael Ribeiro de Lima Filho, a valorização dos grãos é sustentada pelo período de entressafra e pelo câmbio desvalorizado, o que agregou competitividade ao milho e à soja nas negociações internacionais.
“No Brasil, os produtores estão começando a semear a safra 2015/16 de grãos, enquanto os Estados Unidos iniciaram a colheita da safra. No País, a tendência é de manutenção do mercado firme tanto para a soja como para o milho nos próximos dias, porém, com a aproximação do fim de ano, quando a movimentação é menor, a expectativa é de possíveis desvalorizações”, observa.
Recuo - Para o início do 2016, com a aproximação da colheita de soja, a tendência é que os preços recuem novamente, já que é esperado aumento da produção da oleaginosa sobre a cultura do milho. Em Minas Gerais, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a produção de soja deve ser recorde. O volume a ser colhido em Minas Gerais ficará entre 4,1 milhões e 4,14 milhões de toneladas, com variação positiva de 17% a 18,1% sobre 2014/15.
No caso do cereal, o mercado deve se manter mais firme que o da soja, já que haverá redução da área na primeira safra e produtores apostando no plantio da safrinha. De acordo com a Conab, no Estado, a área destinada à produção de milho deve recuar 2,3% e 3,5%, alcançando, no máximo, 998,9 mil hectares. Apesar da redução de espaço, a produção deve crescer entre 5,9% e 7,2% totalizando, no máximo, 5,85 milhões de toneladas. O incremento se deve à recuperação da produtividade, estimada em 5,8 toneladas por hectare e 9,7% superior à registrada na safra passada.
“Com as exportações tanto de soja como de milho em alta, até o momento, os preços no mercado futuro continuam rentáveis. No caso da soja, saca de 60 quilos, os contratos de janeiro a março, período de plena colheita, o mesmo volume é negociado a R$ 83. A saca de 60 quilos de milho que está cotada a R$ 34, é negociada no mercado futuro, janeiro a março, a R$ 37. Os produtores estão aproveitando os valores e comercializando parte da safra de forma antecipada, o que é interessante devido aos custos de produção elevados”, explica Lima Filho.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG