Segundo a Boa Vista, o cenário de queda nas vendas deverá continuar no próximo ano. Balanço aponta ainda que o setor de eletrodomésticos é o mais pressionado.
O movimento do comércio brasileiro caiu 2,2% nos 12 meses encerrados em outubro deste ano em relação aos 12 meses anteriores, informou ontem (23) a Boa Vista SCPC, na série sem ajuste sazonal.
No acumulado do ano até outubro, o movimento recuou 2,6% em relação a igual período do ano passado, também na análise sem ajuste. Já na comparação entre outubro e setembro, houve alta de 0,4%, dessa vez com ajuste sazonal. O indicador entrou no território negativo em julho e, desde então, não saiu mais. Em vez disso, acelerou a queda.
Em nota, a Boa Vista SCPC atribui a piora do movimento a fatores macroeconômicos como elevação dos juros, aumento do desemprego e inflação, que afetam "de forma intensa a confiança e o poder de compra do consumidor". "O ano de 2015 deverá marcar a atividade varejista como um ano recorde na diminuição das vendas, efeito que provavelmente se estenderá também para 2016", afirma a instituição.
Dentre os setores, o de móveis e eletrodomésticos apresentou baixa de 4,3% nos 12 meses até outubro. Em relação a setembro, houve alta de 4,0%. A categoria tecidos, vestuários e calçados caiu 3,9% em 12 meses e registrou retração de 1,9% na comparação com setembro.
A atividade do setor de supermercados, alimentos e bebidas caiu 1,3% em 12 meses e ficou estável no mês. Por último, revela a Boa Vista, combustíveis e lubrificantes apresentou queda de 1,9% em um ano e apresentou baixa de 0,4% na variação mensal.
Estoque
Ontem uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mapeou a percepção dos empresários da Região Metropolitana de São Paulo em relação aos estoques.
Segundo a entidade, o Índice de Estoques (IE), calculado pela entidade, atingiu 94,6 pontos, alta de 2,9% ante o resultado de outubro (91,9 pontos) e recuo de 15,4% em relação a novembro do ano passado (111,8 pontos).
O movimento foi puxado pelo aumento do percentual de comerciantes que consideram o volume de mercadorias estocadas como adequado, de 45,8% em outubro para 47,2% em novembro. Por sua vez, 37,8% dos empresários ouvidos pela FecomercioSP consideraram seus estoques acima do adequado, o mesmo número do mês anterior e o segundo maior da série histórica, iniciada em junho de 2011.
Já o montante de empresários com estoques abaixo do esperado passou de 16,0% em outubro para 14,9% em novembro. Ainda assim, a assessoria econômica da entidade ressalta que o patamar é maior do que o visto ano passado, quando marcou 13,3%.
"A razão pode ser a estratégia que alguns empresários adotaram de reduzir o mix de produtos para garantir maior giro de mercadorias e menores custos de estoques", diz a nota técnica da FecomercioSP.
A entidade acredita que, neste fim de ano, os pedidos dos varejistas aos fornecedores devem ter sido bem menores do que em 2014, já que as expectativas de vendas para 2015 são de 5% a 10% inferiores na comparação anual.
Desta forma, com os estoques ainda elevados às vésperas Black Friday e do Natal, a FecomercioSP acredita que pode haver promoções e liquidações neste final de ano. "Com isso, os assessores econômicos da entidade acreditam que o ciclo de estoques paulistano tende a se equilibrar mais adequadamente no início de 2016, resultado das vendas de fim de ano e do conservadorismo cada vez maior dos empresários", fiz em nota da entidade.
Veículo: Jornal DCI