A aproximação de datas comemorativas, como Natal e ano-novo, parece ter elevado um pouco a confiança do varejista brasileiro. No entanto, apesar da leve alta, ainda é cedo para prever retomada do setor, que vem sendo pressionado pela crise econômica.
Revelado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Comércio (Icom), avançou 4,6 pontos em novembro, superando um período de cinco quedas consecutivas. Agora, o indicador foi a 65,9 pontos, segundo menor patamar da série histórica, iniciada em março de 2010.
Em entrevista ao DCI, o superintendente adjunto de ciclos econômicos da FGV, Sílvio Sales, diz que ainda não é possível caracterizar o leve avanço como uma retomada do setor. Para ele, a aproximação do fim do ano pode ter sido o impulso no nível de confiança dos empresários.
"É uma alta significativa, já que viemos de constantes quedas. Porém, ela não reproduz necessariamente uma retomada do setor. Para isso, teremos de esperar os próximos indicadores", analisa.
As constantes pioras de projeções econômicas também foi apontada por Sales como empecilho para que haja, de fato, uma retomada. "O cenário econômico, além do político, ainda é bastante incerto. Os indicadores do próprio governo preveem quedas maiores no PIB e elevação da inflação".
Supermercados confiantes
Entre os segmentos avaliados, o que mais contribui para o avanço do indicador de confiança foi o de supermercados e hipermercados, cujo índice subiu 7 pontos em novembro, saltando para 79,7. Esse patamar não era alcançado desde janeiro, quando o indicador segmentado foi a 82,8 pontos. Em outubro, a média foi 72,7.
Outro segmento que demonstrou avanço acima da média foi o de Artigos Culturais, com alta de 13,3 pontos.
O único segmento que registrou queda no índice de confiança do período foi o de Material de Escritório e Informática, com baixa de 2,5 pontos na comparação com outubro, quando o resultado foi positivo em 4,8 pontos.
O Icom é composto por 12 segmentos do varejo restrito.
"Pode ser que as campanhas mais agressivas dos varejistas tenham gerado esse movimento mais confiante, e em consequência favoreceu o índice [de confiança]", avalia Sales.
De acordo com um levantamento da plataforma crowndsourcing de pesquisas PiniOn, 63% dos consumidores pretendem adiantar as compras de Natal durante o Black Friday - ação promocional que ocorre hoje (27) em todo o País -.
Esse movimento, segundo Sales, também pode ter animado os varejistas.
Veículo: Jornal DCI