Vendas cresceram 3% em fevereiro.
As promoções feitas em fevereiro conseguiram levar o comércio varejista mineiro a uma elevação de 3% nas vendas frente ao mesmo mês de 2015 e de 2,5% na comparação com janeiro. O resultado, porém, não foi suficiente para alterar o quadro restritivo em que o setor se encontra. Tanto que no acumulado do ano houve uma retração de 1,7%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 12 meses, a queda foi um pouco maior, de 1,8%. Como são meses seguidos de retração, o nível de atividade do comércio mineiro está 4,8% abaixo do verificado em novembro de 2014, período em que o setor estava no ápice. E a tendência, segundo o analista do IBGE, Antônio Braz, é que os resultados negativos sigam ao longo do ano, a não ser que ocorram mudanças no cenário econômico do País. “Não tem como o comércio melhorar sozinho. Vai depender de como vão se comportar os indicadores de emprego e renda daqui para frente”, afirma.
Tomando como referência o acumulado no ano, o pior desempenho foi o de móveis e eletrodomésticos, com queda de 17,8%, sendo 3,8% a retração dos móveis e 20,6%, a dos eletrodomésticos. As vendas de tecidos, vestuários e calçados caíram 15,4% no mesmo período e o grupo formado por combustíveis e lubrificantes apresentaram baixa de 3,3%.
Na mesma base de comparação, seguiram na direção contrária os bens de primeira necessidade. As vendas nos supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceram 1%. Da mesma forma, os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos tiveram elevação de 9,1% e outros artigos de uso pessoal e doméstico, 13%.
Ao incluir as vendas do grupo de veículos, motocicletas e peças, além do composto pelos materiais de construção – formando o chamado comércio varejista ampliado - a variação acumulada no ano em Minas Gerais fica negativa em 4,2%. Em 12 meses, a retração foi de 6,3%. Já em fevereiro frente ao mesmo mês de 2015, houve elevação de 0,9%. “A situação fica pior quando são incluídos os dois grupos, porque são muito dependentes de crédito, que está mais caro e escasso”, afirma Braz.
Segundo o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Guilherme Almeida, o desempenho negativo é fruto do mau momento da economia. O pequeno aumento nas vendas alcançado no mês de fevereiro frente a janeiro e ao mesmo período de 2015 é resultado das promoções realizadas pelos lojistas mineiras. “Não podemos falar em uma tendência de melhora ainda. As projeções são de queda nas vendas porque tudo indica que o consumidor ainda vá ficar retraído”, afirma.
As explicações para o mau momento passam por questões desde o baixo crescimento do País até os consequentes desemprego, alta da inflação e dos juros. Nesse contexto, empresários e consumidores temem investir e ir às compras, agravando a situação.
Um possível controle da inflação pode fazer com que o segundo semestre seja mais positivo para o setor. Porém, como não há garantias de melhoras no emprego e na renda, o setor ainda vê o futuro próximo com pessimismo.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG