Temer insistiu em que o foco de seu governo, previsto para ir até o final de 2018, será reativar a economia e sanear as contas públicas
Hangzhou - O presidente Michel Temer garantiu neste domingo (4/9), na China, onde participa da cúpula do G20, que o Brasil voltará a crescer com a adoção de reformas e prometeu para breve o anúncio do plano de privatização e de concessões no país.
"No Brasil, o desafio econômico mais urgente é a ordem fiscal. Nosso objetivo principal é promover o ajuste estrutural do gasto público em um horizonte de 20 anos", afirmou ele, no fórum que reúne os membros do Brics, grupo formado ainda por Rússia, Índia, China e África do Sul.
O encontro aconteceu no âmbito da cúpula do G20, na cidade chinesa de Hangzhou, que reúne os grandes países industrializados e emergentes.
Na entrevista coletiva que se seguiu ao fórum, Temer antecipou que anunciará, em breve, seu plano de privatizações e concessões, uma das medidas para tentar ajustar o orçamento e tirar o Brasil de sua pior recessão em décadas. "São duas vertentes. A primeira vertente é a desestatização, ainda em pé. Outra vertente são as concessões. Nós criamos um órgão especial para fazer as concessões, (...) e, no dia 13 (de setembro), devemos anunciar", declarou.
O país fechou 2015 com uma recessão de 3,8% e, este ano, caminha para uma contração similar, enquanto a inflação está longe da meta fixada, e o desemprego aumenta.
Temer insistiu em que o foco de seu governo, previsto para ir até o final de 2018, será reativar a economia e sanear as contas públicas. Ele diz já vislumbrar sinais positivos no horizonte.
"Os indicadores de confiança, tanto no agronegócio como na indústria, cresceram enormemente(...) A confiança está crescendo e, quando a confiança cresce, o emprego começa a aumentar", comentou.
'Pacificar o país'
Temer também acredita no apoio do Congresso para fazer aprovar suas reformas, apesar da grande fragmentação na Casa e das sequelas de meses de luta aberta pelo poder. Ele disse esperar levar adiante, especialmente, seu projeto para estabelecer um teto para os gastos públicos.
"Acho que precisamos ter uma base sólida, mas, mais que uma base sólida, (precisamos da) a compreensão dos partidos que nos apoiam. E até o presente momento não tenho dúvida dessa compreensão", assegurou.
A missão não será fácil, porém. Mergulhado na profunda crise política que abala há meses, o Congresso já rejeitou o ajuste apresentado pela então presidente Dilma Rousseff.
O próprio processo de impeachment, concluído com uma sentença fatiada que manteve os direitos políticos de Dilma, habilitando-a a exercer cargos públicos, expôs as divergências na base.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), essa decisão "causou um mal-estar enorme" entre os aliados. O senador exigiu de Temer que diga "com clareza até onde vai o compromisso de seu governo".
Em entrevista ao jornal O Globo neste domingo, Aécio afirmou que "sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer".
Preocupação do Papa
Temer também se referiu às palavras do papa Francisco. Em uma de suas intervenções, o sumo pontífice pediu uma oração pelos brasileiros, depois do convulsionado período vivido pelo país.
"Ele revelou uma preocupação com Brasil, que todos temos. A alegria se forma pouco a pouco. Não podemos negar que saímos de um momento um pouco complicado", reconheceu, acrescentando que é preciso "pacificar o país".
O presidente peemedebista comentou ainda que "a questão do clima é uma preocupação acentuada também nos Brics", sobretudo, desde que China e Estados Unidos ratificaram o acordo de Paris (COP21) para limitar o aquecimento global. No Brasil, o Senado aprovou a adesão ao Acordo de Paris em 11 de agosto passado e, agora, a proposta segue para promulgação.
Fonte: Correio Braziliense