Brasília - Mesmo com a decisão do comando do Senado de recuar e encaminhar o projeto da reforma trabalhista tramitar também na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o governo conseguiu articular para que o presidente da Comissão, Edison Lobão (PMDB-PE), indicasse como relator o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), e não um senador alinhado com o líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Calheiros se comprometeu, com as centrais sindicais, a não permitir que o texto aprovado na Câmara passe como está no Senado. Assim, os relatores indicados até agora na CCJ e na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o tucano Ricardo Ferraço (PSDB-ES), não devem criar embaraços para a tramitação.
O acordo para que o ato do vice-presidente Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) recuasse e incluisse a CCJ no debate da reforma trabalhista na CCJ, vinculava a não indicação de um relator alinhado com Renan. Falta a presidente da Comissões de Assuntos Sociais (CAS), Marta Suplicy (PMDB-SP), indicar o relator . O presidente da CCJ, Edison Lobão, disse que se fosse indicar um relator alinhado com Renan, indicaria a si próprio.
- Se tivesse que indicar alguém ligado a Renan, indicaria a mim mesmo. O senador Jucá está aparelhado para fazer um bom trabalho , mas poderia ter escolhido outro senador - disse Lobão.
E avisou que nunca irá atrapalhar a tramitação da reforma trabalhista na Casa.
- O texto foi aprovado na Câmara, veio para o Senado e será apreciado por três comissões. É tido como necessário ao País, para ajudar a consertar a economia. Eu nunca iria atrapalhar - disse Lobão, considerado do grupo de Renan.
Ele defendeu a manutenção de Renan na liderança, apesar de suas posições contrárias ao governo e as reformas.
- Acho que é direito dele ter as posições que quiser. Nosso partido tradicionalmente cultua a liberdade de cada um dos seus membros. Ele não nos obriga a segui-lo - disse Lobão.
Fonte: O Globo