São Paulo - Com dívida de R$ 10 bilhões, sem considerar a conta da multa prevista no acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), o grupo J&F depende da conclusão da venda da Vigor para equacionar seus débitos. A mexicana Lala comprometeu-se, no início de agosto, a comprar a empresa de lácteos, mas a operação ainda não foi concluída.
Depois de receber o dinheiro referente à Alpargatas (R$ 3,5 bilhões) e a primeira parcela da compra da Eldorado Celulose (R$ 1 bilhão), a holding J&F fia-se na entrada dos R$ 4,3 bilhões do acerto de venda de sua fatia de 73% na Vigor. Para completar a conta e "zerar" a dívida, a empresa espera se desfazer ainda de linhas de transmissão da empresa de energia Âmbar, por cerca de R$ 800 milhões, e do Canal Rural, que acredita valer cerca de R$ 80 milhões.
O negócio com a Lala, porém, se complicou nas últimas semanas, e não apenas por causa da prisão de Joesley e Wesley Batista. A CCPR - cooperativa sócia da marca Itambé - decidiu recomprar os 50% da marca que havia vendido para a Vigor. Com isso, a Lala anunciou que recalcularia o negócio, antes acertado por R$ 4,6 bilhões, aplicando um desconto. Os mexicanos já tinham desembolsado R$ 1,1 bilhão para ficar com a fatia do negócio que pertencia à JBS.
De acordo com uma fonte próxima à negociação, não há indício de que o acordo será desfeito - até porque o contrato já assinado entre Lala e J&F prevê multa de R$ 1,5 bilhão caso qualquer uma das partes desista da operação, segundo fontes que atuam no negócio.
A reportagem apurou que a Lala, na verdade, tenta regatear preço, enquanto a J&F está disposta a segurar sua posição, evitando reduzir o valor. Há preocupação com a demora de se chegar a um acordo, mas espera-se uma conclusão ainda neste mês.
Mais dinheiro - A expectativa é que, em um ano, ocorra a venda do restante da Eldorado à asiática Paper Excellence. Como a dívida da Eldorado é alta - de R$ 7,8 bilhões ao fim de junho -, o valor que ainda pode entrar no caixa da J&F é de R$ 5,2 bilhões.
Restaria então ao grupo a JBS, a empresa de higiene Flora, a de energia Âmbar e o Banco Original. E também o compromisso de pagar R$ 10,3 bilhões às autoridades como multa pelos crimes praticados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo