A abertura do mercado chinês para a importação do melão brasileiro pode levar o País a dobrar a sua produção e também as exportações da fruta nos próximos cinco anos.
À frente da maior propriedade produtora de melão no Brasil e presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos se mostra otimista com as perspectivas do segmento. “O único impedimento [para a abertura do mercado chinês] é a conclusão da análise de risco de pragas. Esperamos que a liberação ocorra ainda no primeiro semestre deste ano”, disse ao DCI o proprietário da Agrícola Famosa. Ele estima que a área total da cultura no País seja de 22 mil hectares, com produção de 500 mil toneladas por ano.
Para se ter uma ideia do que o segmento representa, a exportação brasileira de melões bateu recorde no ano passado, com 233,65 mil toneladas embarcadas e receita de US$ 162,92 milhões. “Acredito que teremos um novo recorde neste ano. Temos o Oriente Médio, que já está demandando frutas, e a perspectiva de escoamento da produção pelo porto de Pecém [no Ceará]”, projeta Barcelos. A partir de abril, o porto será o ponto de partida de uma rota de viagens que tem como destino final Cingapura, via canal do Panamá, com 28 dias de duração, o que permite que a fruta chegue ainda viável para consumo. No embarque para a Europa, por exemplo, o produto leva, em média, 21 dias para chegar ao consumidor.
As negociações com a China tiveram início em 2004, segundo o Ministério da Agricultura (Mapa). Em resposta a uma lista de pragas de preocupação quarentenária feita pelos chineses, a Abrafrutas apresentou subsídios técnicos ao Mapa em janeiro. Agora, a Secretaria de Defesa Agropecuária está finalizando parecer técnico para envio à avaliação das autoridades chinesas.
De acordo com o gerente de vendas melão e melancia da Bayer para América do Sul, Golmar Neto, a abertura de mercados como o da China é importante não só pela enorme oportunidade em volumes, mas para diversificar os destinos do melão, já que 90% das exportações são para a União Europeia. O Brasil exporta metade do que produz.
“Hoje somos muito dependentes da Europa, e quanto maior o volume disponível para eles, menor o preço”, avalia. Para Barcelos, o Brasil tem oportunidades também no Leste Europeu e na Rússia.
Ele ainda destaca as perspectivas de crescimento do mercado interno. O consumo per capita de melão no Brasil é de 56 quilos, enquanto nos países desenvolvidos chega a 120 quilos. “O potencial de crescimento é muito grande, até porque há um interesse crescente por produtos que saudáveis”, argumenta Barcelos. “A tendência é que a produção continue crescendo. O País tem condições climáticas e geográficas muito boas e os produtores são muito tecnificados”, defende.
A Agrícola Famosa deve crescer 5% ao ano e tem nos planos a aquisição de terras para o aumento da produção. “Mas dependemos dessa abertura do mercado chinês para termos um crescimento mais agressivo”, diz Barcelos. A propriedade conta com 10,5 mil hectares dedicados ao cultivo do melão, em um total de 200 mil toneladas, em média.
Fonte: DCI São Paulo