Cerca de 70% dos consumidores ainda não acreditam nas propagandas sobre diversidade, apesar das campanhas publicitárias frisarem que os produtos foram pensados para isso. A conclusão é de uma pesquisa feita pela consultoria Croma, que mostra até os efeitos positivos de imagem, mas não garante legitimidade das empresas no assunto.
A descrença dos brasileiros nas instituições é um dos diagnósticos para a perda de credibilidade das marcas. Segundo o CEO da Croma, Edmar Bulla, nem a iniciativa privada conseguiu fugir da desconfiança da população. “As pessoas não confiam no que as marcas dizem, elas não acham que as propagandas refletem o que a empresas pensam mesmo”, enfoca.
Desta forma, o executivo analisa que a solução seria fazer com que os valores vendidos passassem a serem parte da realidade interna das companhias. “Isso não é uma questão de capital, é uma questão de modelo mental; das empresas serem autênticas aos princípios passados na propaganda. Inclusão de diversidade sem inclusão econômica e trabalhista é uma mentira”, diz.
Na visão da líder do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG, Patrícia Molino, a educação à diversidade é institucional e trafega em todos os patamares das instituições privadas. “O que temos assistido é que as pessoas que estão hoje na liderança de boa parte do mercado são pessoas de uma geração que não tiveram essa convivência e educação atual”, explica a especialista ao DCI.
A solução seria a reeducação dos colaboradores e inclusão de minorias na equipe, além da contratação preferencial de pessoas com posicionamento alinhado ao da empresa. “As campanhas, produtos e as próprias empresas devem ser representativas, desde a equipe até as propagandas. A mobilização social é um caminho sem volta”, diz Patrícia.
Minorias?
Bulla lembra que, embora chamados de minoria, negros, mestiços, LGBTs, pessoas com deficiência, mulheres e tantos outros grupos não estão em menor número no Brasil. Por isso, segundo o executivo, ignorar o tema é autodestrutivo para as companhias. “Quem eu perco? Quem é a minoria? Essa visão míope faz as marcas perderem negócios. Qual a dificuldade dos gestores em entender que o Brasil vive inserido na diversidade. É como negar a existência dessas pessoas”, analisa o especialista.
Além disso, o engajamento desses grupos com as marcas tem se mostrado significativo.
De todos os públicos, os LGBTs se mostram os mais fortes formadores de opinião, segundo o estudo. Entretanto, 53% acreditam que há preconceito em contratar LGBTs para suas equipes. “A liderança tem que saber se posicionar. Se isso for feito, as marcas atrairão funcionários alinhados à ideologia institucional”, conclui Patrícia.
Fonte: DCI