Braço imobiliário do Pão de Açúcar entra em operação

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Alexandre Melo

 

SÃO PAULO - Além de incomodar a gigante Casas Bahia ao fincar o pé no segmento de eletroeletrônicos com a aquisição da carioca Ponto Frio, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) agora amplia o leque na disputa com as empresas ligadas às áreas imobiliária e de shopping centers ao formatar GPA Malls & Properties, seu braço para este setor e que nasce com 19 negócios identificados, sendo três deles com estudos avançados. A estratégia é concentrar na subsidiária a administração das lojas da companhia, bem como das 3,5 mil lojas instaladas em 19 unidades com galerias comerciais.

 

Para reforçar o caixa da nova subsidiária, a empresa receberá aluguel das próprias unidades do Grupo Pão de Açúcar, além das 455 pontos-de-venda da varejista carioca, cujo valor deverá ser estabelecido como 2% das vendas de cada unidade. O grupo possui ainda 100 imóveis próprios e outros 60 pertencentes ao Fundo Imobiliário Península, de Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração do GPA, que foram vendidas no final de 2005.

 

A subsidiária possui a mesma estrutura societária do grupo, com o controle dividido igualmente entre os acionistas Abílio Diniz e o grupo francês Casino. Na carteira, os ativos da maior varejista do País, que excluindo os recém-adquiridos do Ponto Frio, somam pouco mais de R$ 2 bilhões. "Isso é algo próximo do valor de mercado da própria companhia", ressalta Caio Mattar, presidente da nova empresa do Pão de Açúcar. A ordem é explorar ao máximo os espaços disponíveis nos hipermercados da rede.

 

Mattar já era responsável pela divisão de real estate do GPA, assim como a operação da loja virtual Extra.com.br. Mesmo ingressando em setores liderados por outros players, o executivo afirma intenção de não competir com as incorporadoras Cyrela e Gafisa, além de administradoras de malls como Multiplan e Iguatemi Empresa de Shopping Centers.

 

"Nosso objetivo é fazer parcerias para o desenvolvimento de projetos nas cidades que apresentarem oportunidades, mas com empresas locais", define o executivo. Até o momento, a GPA Malls & Properties possui contratos com a Racional Engenharia e com a Halna Construtora e Incorporadora. A companhia deverá voltar sua atenção mais para o segmento comercial que o residencial, sendo o primeiro com contratos de locação. A receita com aluguéis de pequenas lojas instaladas em 19 hipermercados Extra alcança a quantia de R$ 70 milhões.

 

Levantamento do GPA indica que está disponível 1,5 milhão de m² para construção em terrenos de lojas. Em capital paulista, na área do Extra Jaguaré, por exemplo, foram erguidos seis prédios residenciais com 390 apartamentos, já outra unidade no Rio de Janeiro, terá seu tamanho reduzido para a construção de edifícios comerciais. "Olhamos as margens do ramo imobiliário, que superam as das operações de varejo. E as linhas de crédito para o setor também são mais baratas em relação ao varejo", pontua Mattar.

 

Metas

 

Para a aquisição do Ponto Frio, o Pão de Açúcar terá R$ 373,4 milhões pagos à vista do seu caixa de R$ 1,7 bilhão destinados também a aquisições. Já o valor de até R$ 1,3 bilhão para expansão será mantido como teto, tendo garantido a utilização de neste ano de R$ 755 milhões, cifra 50% maior em relação aos R$ 503,1 milhões aportados em 2008.

 

Segundo Cláudio Galeazzi, presidente executivo do GPA, "a meta é atingir os R$ 23 bilhões este ano em vendas brutas. Vamos fazer de tudo para superá-la." O crescimento projetado considerando a mesma base de loja é de 2,5% ante o ano passado. Galeazzi diz ainda que os investimentos poderão acelerar nos próximos trimestre, visto que nos três primeiros meses do ano o valor investido chegou a R$ 125 milhões.

 

Ontem, a rede teve aprovado o crédito de R$ 900 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), negociados há mais de um ano, e que serão utilizados na abertura e reforma de lojas durante os próximos quatro anos. Os investimentos também envolvem aquisição de máquinas e equipamentos, estudos de engenharia, capital de giro e tecnologia da informação. O prazo para pagamento será de cinco anos.

 

Depois de se tornar líder absoluta no varejo, o GPA parece não ter incomodado a baiana Insinuante, que tinha intenção de comprar o Ponto Frio. A empresa mantém o plano de expansão inicial e vê mais 50 lojas em 2009, a maior parte no Rio de Janeiro.

 

Veículo: Valor Econômico


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