Ex-governador debateu os motivos da baixa produtividade nas organizações brasileiras em comparação às americanas, europeias e asiáticas
Como um dos palestrantes convidados do Smart Market ABRAS 2024, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados, na última terça-feira, 9, o ex-governador do estado do Ceará, Ciro Gomes, foi recebido por uma plateia formada por grandes empresários do setor supermercadista brasileiro.
Em pouco mais de uma hora, no auditório do Transamérica Expo Center, Ciro proporcionou uma verdadeira aula sobre produtividade: motivos, soluções estruturais e caminhos para o desenvolvimento.
A leitura feita de um século atrás para os dias de hoje, demonstrou que o Brasil vem perdendo competividade na geração de riqueza pelo trabalho, se comparado com países europeus e, especialmente, com asiáticos que, até algum tempo atrás, tinham pouco ou nenhuma expressão na economia mundial.
“Em 1980 o Brasil tinha uma renda per capita maior que da Coreia do Sul, Malásia, China e Tailândia. Naquela década, produzíamos 500 mil veículos, a Coreia do Sul, nenhum. Hoje, eles possuem 15% do mercado mundial de automóveis e o Brasil, praticamente nada”, declarou Ciro Gomes.
Com essa provocação, o palestrante demonstrou aos presentes, que não existe desenvolvimento sem sofisticação tecnológica de ponta. Para ele, tecnologia de ponta não se resolve com discussão ideológica, mas com ciência e investimento em educação.
“O que aconteceu na Coreia do Sul? Eles, simplesmente, resolveram fazer uma aposta na inteligência e colocar em pratica uma agenda de produtividade que começa com uma radicalização na reforma da educação, dando ênfase as matemáticas. E assim foi feito nos demais países asiáticos aqui citados”, comentou Ciro.
Dono da maior parcela do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio é o setor que serve de espelho para muitas ações quando o assunto é produtividade, segundo feita pelo palestrante convidado. “Estamos fazendo uma agricultura de precisão, no estado da arte. O setor é o único no país que contém subsídio de juros, subsídio estrutural, sem ideologia”, comentou o ex-governador.
Em sua apresentação, Ciro Gomes comparou também a produtividade do Brasil, com países como a Alemanha e Estados Unidos, demonstrou-se preocupado com o modelo econômico atual do nosso país e voltou a sinalizar que apenas com educação de qualidade, tecnologia (investimento em inteligência artificial, por exemplo), escala de produção que possibilita a redução nos custos e financiamento justo, o nosso país seguirá um caminho de plena prosperidade.
Nos momentos finais da palestra, foi aberto 15 minutos para questionamentos feitos pela plateia. O CEO do Grupo Enxuto, Samuel Vânio Costa Júnior, perguntou ao palestrante quais elementos de uma reforma tributária poderia alavancar a produtividade no Brasil.
Para Ciro Gomes, basicamente, é preciso seguir a literatura e melhores experiência internacionais. “Ideologia tóxica não resolve o problema de ninguém”, finalizou Ciro Gomes.