Previsões para varejo vão de zero a 1,8% de alta

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Os fundamentos do comércio permaneceram sólidos no começo do ano, com renda em alta e desemprego nas mínimas históricas, mas um desempenho morno do setor de supermercados impediu recuperação mais expressiva do volume de vendas do varejo restrito (que não inclui automóveis e material de construção), segundo economistas.

Depois de recuo de 0,5% entre novembro e dezembro, feito o ajuste sazonal, a média de 12 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data aponta para aumento de 0,5% da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) em janeiro sobre o último mês de 2012, no conceito restrito. As estimativas variam entre zero e 1,8%. O dado será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o comércio ampliado, oito analistas esperam, em média, avanço de 1,6% do volume de vendas na passagem mensal. Essa variação, dizem, foi sustentada pelas promoções de concessionárias, que colocaram no mercado seus últimos estoques de veículos com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) totalmente reduzido. A partir de janeiro, a alíquota entrou em processo de recomposição gradual.

Perto do piso das estimativas, Leandro Padulla, economista da MCM Consultores, projeta alta de 0,3% do comércio restrito entre dezembro e janeiro. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas reais do setor encolheram 22% no período, número que, dessazonalizado pela MCM, resultou em avanço de 0,4%. Para Padulla, esse dado indica estabilidade para o volume de vendas de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo - segmento que representa cerca de 50% da PMC restrita - na comparação mensal.

Segundo o analista, a inflação mais pressionada de alimentos prejudicou a atividade desse ramo do comércio, que, por ter peso elevado, evitou que o resultado geral mostrasse crescimento mais significativo em janeiro, mesmo com comportamento mais positivo de outros setores. A despeito da evolução mais modesta dos supermercados no início do ano, Padulla destaca que a remuneração dos ocupados segue em trajetória de ascensão, o que deve manter o consumo em nível aquecido ao longo de 2013.

Com base em números do IBGE referentes ao rendimento médio real efetivo dos trabalhadores na média do trimestre encerrado em dezembro, Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, estima salto de 14,5% dessa variável nas seis maiores regiões metropolitanas em janeiro sobre igual mês de 2012. O conceito de rendimento efetivo é diferente do habitual, e reflete movimentos como 13º salário e rendas extras. A alta de dois dígitos, diz ela, foi suficiente para que as vendas mostrassem reação também acentuada em janeiro, ainda que sem a ajuda dos supermercados. No teto das projeções, a economista prevê alta de 1,8% no varejo restrito no primeiro mês do ano.

Por trabalhar com impulso mais forte do que o mercado, Mariana vê possibilidade de que as vendas cresçam abaixo de sua estimativa em janeiro, mas, em sua opinião, está descartada nova retração mensal no consumo restrito. O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, nota a analista do ABC, avançou 1,5% ante dezembro, feito o ajuste sazonal, puxado por veículos, mas com contribuição positiva de outros ramos do varejo, como móveis, eletrônicos e informática e tecidos, vestuário, calçados e acessórios.

Mais cauteloso, o superintendente de tesouraria do Banco Indusval & Partners (BI&P), Daniel Moreli Rocha, afirma que o movimento maior dos consumidores nas lojas captado pela Serasa em janeiro apenas "compensou" outros sinais menos consistentes do varejo em igual período, como a relativa estabilidade das vendas de supermercados e das consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Assim, diz Rocha, sua projeção de que o comércio restrito irá subir 0,7% frente a dezembro, descontados os fatores sazonais, "talvez esteja um pouco otimista."

Rocha ainda menciona a confiança do consumidor, que está em trajetória de queda há cinco meses, como outro sinal de que a demanda não começou 2013 em ritmo tão acelerado. Segundo a última divulgação da Fundação Getulio Vargas (FGV), após retração de 0,7% no primeiro mês do ano, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) diminuiu 1,4% entre janeiro e fevereiro, para 116,2 pontos.

Padulla, da MCM, avalia que o menor grau de otimismo deve se refletir mais sobre as compras de bens duráveis, que também perderão fôlego no primeiro trimestre com a volta gradual do IPI. Após a alta esperada de 1,2% para o varejo ampliado em janeiro, o analista afirma que essa parte do comércio pode ceder em fevereiro, quando o emplacamento de automóveis, comerciais leves e motocicletas caiu 9,5% frente o mês anterior, segundo dados da Fenabrave (entidade que reúne as concessionárias) dessazonalizados pela consultoria.



Veículo: Valor Econômico


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