Faturamento cresceu só 0,25% em relação a igual período de 2012, descontada a inflação, de acordo com a Abras
As vendas dos supermercados brasileiros cresceram apenas 0,25% no primeiro bimestre deste ano em relação a igual período de 2012, descontada a inflação. O resultado chama atenção especialmente porque 2012 foi encerrado com aumento real de 5,3% de vendas do setor na comparação com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
A retração nas vendas ocorreu no mês passado, que registrou queda de 1,33% ante fevereiro de 2012. Em janeiro, o faturamento tinha crescido 1,82% em relação ao mesmo mês de 2012.
Segundo o gerente de economia e pesquisa da Abras, Flávio Tayra, a retração de 3,26% nas vendas de fevereiro em relação às de janeiro, descontada a inflação, ocorreu pelo fato de fevereiro ter um menor número de dias. Já o recuo na comparação com o mesmo mês do ano passado ele atribui ao forte ritmo da atividade no início de 2012, que foi impulsionado pela alta de 14% no valor do salário mínimo. Como a base de comparação é forte, Tayra observa que fica mais difícil conseguir taxas mais robustas de crescimento em 2013.
De toda forma, ele considera o crescimento de 0,25% no primeiro trimestre em bases anuais "um resultado ainda positivo" e compatível com o ritmo de atividade. "A partir de abril, a economia vai se delinear."
O presidente da Abras, Fernando Yamada, não acredita que a alta da inflação, que acumula 6,43% em 12 meses até março pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA) e foi puxada especialmente pela elevação dos preços dos alimentos, tenha jogado um balde de água fria no consumo no início de ano. "O consumidor está, desde o fim do ano passado, muito endividado."
Yamada acredita que o alto comprometimento da renda com prestações atrapalhou as compras de itens básicos. Para este ano, a Abras espera um crescimento real de 3,5% das vendas na comparação com 2012. "Essa projeção poderá ser revista para cima", diz Yamada.
Apesar do otimismo do setor, o peso da inflação é visível nos itens da cesta básica. Na pesquisa de fevereiro da cesta da Abrasmercado, elaborada a partir dos preços de 35 categorias de produtos, entre alimentos e artigos de higiene e limpeza, pela empresa GfK, houve um acréscimo de 2,25% no valor ante janeiro. A pesquisa ainda não captou as desonerações de impostos.
Logística. O diretor da GfK, Marco Aurélio Lima, diz que a maior alta de custo da cesta em fevereiro foi verificada nas Regiões Norte e Nordeste, de 6,1% e de 3,42%, respectivamente. Ele atribui o aumento à farinha de mandioca, cujo preço subiu quase 20% este ano, e tem forte presença na cesta dessas regiões. Também a disputa por frete para a supersafra afetou o custo de logística dos produtos para as regiões mais distantes do País.
Veículo: O Estado de S.Paulo