Os supermercados brasileiros registraram aumento real de 2,82% em suas vendas no mês de abril ante março. Em relação a abril do ano passado, a elevação foi mais expressiva, de 10,29%. No acumulado do ano, o que equivale aos quatro primeiros meses ante o mesmo período de 2013, a alta foi de 2,05%. Esses resultados são consequência do equilíbrio entre o crescimento da renda da população brasileira e o da criação de postos de trabalho em todo o País.
Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Sussumu Honda, presidente do Conselho Consultivo da entidade, avalia que esses fatores são um estímulo para que o segmento continue investindo constantemente em novas lojas e serviços, além da criação de diversas campanhas e promoções. "Os resultados do nosso indicador de vendas até abril, com crescimento acumulado de 2,05%, mostram o efeito positivo das vendas do período da Páscoa. Nossa expectativa é que essa tendência de crescimento continue, pois teremos ainda bons momentos de vendas durante este ano", acrescentou.
Já em valores nominais, as vendas do setor em abril registraram avanço de 3,51% ante março. Em relação a abril do ano passado a majoração foi de 17,22%. No acumulado do ano, a valorização foi de 8,11%.
Comércio
A confiança do empresário do comércio evoluiu em um ritmo desfavorável no trimestre encerrado em maio. O Índice de Confiança do Comércio (Icom), divulgado, ontem, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 4,4% em relação a igual período de 2013. Em abril, a taxa trimestral interanual havia sido de -3,1%. "Com o resultado, os indicadores da Sondagem do Comércio sugerem arrefecimento do nível de atividade econômica do setor no segundo trimestre", avaliou a FGV.
No trimestre até maio, o Icom ficou em 117,4 pontos, o menor nível da série histórica, iniciada em março de 2010. No trimestre até maio de 2013, o indicador havia ficado em 122,8 pontos. O Índice da Situação Atual (ISA-COM) do trimestre encerrado em maio recuou 7,2% em relação a igual período do ano anterior. Em abril, a variação havia sido negativa em 7% na mesma comparação. Na média de março a maio, 13,8% das empresas consultadas avaliaram o nível atual de demanda como forte (contra 16,3% em igual período do ano anterior) e 23,8% como fraca (ante 19,3% na mesma base).
Já o Índice de Expectativa (IE-COM) caiu 2,6% no trimestre até maio ante igual período de 2013. No trimestre até abril deste ano, a queda era de 0,4%, na mesma base.
O aprofundamento da queda da confiança do comércio em maio tem a ver não apenas com a atividade mais fraca, mas também com a perspectiva de greves, manifestações e feriados com a chegada da Copa do Mundo, afirmou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Aloisio Campelo. "Está bem claro que o segundo trimestre apresenta desaceleração. O comércio achava que ia melhorar, mas isso não se verificou. Mas, além disso, as percepções estão influenciadas pela Copa do Mundo", disse o economista.
De acordo com Campelo, parte dos empresários espera uma atividade menos dinâmica durante o período da Copa. Por outro lado, segmentos como móveis e eletrodomésticos, que até então se mantinham mais otimistas tendo no horizonte as vendas em função do Mundial (incluindo televisores), já começam a projetar a demanda para o período pós-evento – o que mostra alguma piora. "Para a maioria dos setores, parece que a Copa do Mundo e a instabilidade que vem junto contribuem também para certo pessimismo", afirmou Campelo, alertando que tal percepção pode ser perigosa em tempos de arrefecimento da atividade. "A manutenção do pessimismo pode gerar inércia, prejudicando contratações, colaborando para redução de investimentos e levando a uma desaceleração ainda maior", declarou.
Em maio, os setores de veículos, motos e de material de construção mostraram os piores desempenhos no Icom. No caso dos automóveis, o recuo no índice foi de 18,7% no trimestre até maio em relação a igual período do ano passado. "Os bancos estão mais cautelosos (para conceder crédito), os juros estão mais elevados e houve recomposição do IPI", explicou o economista.
Já no varejo restrito, o segmento de vestuário apresentou intensa desaceleração na alta da confiança. Empresas do setor enfrentam uma situação complicada diante dos estoques elevados, afirmou Campelo.
No caso de móveis e eletrodomésticos, o Icom cresceu 6,9% no trimestre encerrado em maio ante igual período do ano passado. A taxa é menor do que os 8,3% de alta observados no trimestre até abril, na mesma base.
Para este ano, Campelo projeta que as vendas do varejo cresçam entre 4% e 4,5%, após terem avançado 4,3% no ano passado.
Confiança da construção também cai
O Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 8,7% no trimestre terminado em maio ante igual período do ano passado, divulgou a instituição ontem. O resultado é a maior queda desde agosto de 2012 (-9,8%) e mostra uma piora em relação a meses anteriores. Na mesma base de comparação trimestral, a variação foi negativa em 5,9% em abril e com queda de 3,3% em março.
Segundo a FGV, na análise trimestral, a evolução desfavorável do ICST se deve principalmente à deterioração da percepção no setor sobre os meses seguintes, pois o Índice de Expectativas (IE) passou de -7,7% no trimestre encerrado em abril para -11,4%, em maio. A queda é a maior registrada na série histórica nesta base comparativa. O Índice da Situação Atual (ISA) também recuou, ao passar de -3,7% em abril para -5,3% em maio, o que representa a maior baixa desde dezembro de 2013.
Na comparação interanual mensal, o IE registrou piora, mas o ISA melhorou: a variação do primeiro foi de -12,2% em abril para -13,4% em maio e a do segundo foi de -8,9% para -5,2% no período. Dos 11 segmentos analisados, oito tiveram evolução desfavorável da confiança, considerando as leituras interanuais trimestrais entre abril e maio. Os destaques negativos foram os segmentos de Preparação do Terreno (de 2,7% para -5,2%), Obras de Arte Especiais e Outras Obras do tipo (de -5,8% para -10,4%) e Instalações de Sistema de Ar Condicionado (de -3,8% para -7,6%).
A FGV explicou que o resultado geral da pesquisa sugere que o nível de atividade do setor vem desacelerando ao longo do segundo trimestre e que as perspectivas do setor são pouco favoráveis para o restante do ano. O quesito que mede evolução recente da atividade exerceu influência negativa sobre o índice de Situação Atual, ao passar de -4% em abril para -5,8% em maio, em bases interanuais trimestrais. A FGV destaca que das 689 empresas consultadas, 17,6% avaliaram que o nível de atividade aumentou no trimestre findo em maio, ante 21,9% no mesmo período do ano passado; já 20,9% das empresas reportaram piora da situação (contra 19,3%, em maio de 2013).
Em relação ao Índice de Expectativas, a maior influência de baixa veio do quesito que mede a percepção das empresas quanto à situação dos negócios para os próximos seis meses. A variação interanual trimestral deste quesito passou de -7,5%, em abril, para -11,7%, em maio.
Veículo: Diário do Comércio - SP