O consumidor está com menos dinheiro, visita menos os pontos de venda e, quando vai, escolhe lojas menores. "O salário ficou mais curto que o mês. As vendas estão se concentrando nos dias após o pagamento, e depois caem", diz o presidente do Walmart no Brasil, Guilherme Loureiro.
O executivo, no cargo há um ano, sentiu essa tendência após a Copa do Mundo. O torneio, diz ele, foi positivo para as vendas do varejo alimentar e pode ter mascarado um movimento já existente. Para o Natal, Loureiro espera que haja um crescimento em relação a igual período de 2013, mas diz que "não vai ser fácil". "Também não será um aumento de 10%", afirma.
Nesse cenário, Loureiro promete se ater à política "Preço Baixo Todo Dia". Esse modelo, adotado pelo Walmart nos EUA, promete preços mais baratos que a concorrência no dia a dia, sem promoções. "Sempre existe a tentação numa hora dessas de fazer uma promoção extra, mas não é a nossa política. A nossa estratégia é lutar para baixar o preço todos os dias e manter o mesmo valor na gôndola". Loureiro deu a entender que a varejista caiu nessa "tentação" nos últimos anos. Ele afirmou que a implementação do Preço Baixo Todo Dia começou a ser "realmente" implementada no Brasil apenas a partir de janeiro. "Tivemos muito mais disciplina na execução este ano".
Em todo o ano passado, o Walmart faturou R$ 28,5 bilhões no país, 10% a mais do que em 2012. Neste ano, o varejo em geral vem desacelerando. Em 2013, os supermercados registraram alta real de 5,4% nas vendas. Nos oito primeiros meses de 2014, o aumento real foi de apenas 1,6% ante igual período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
De acordo com Loureiro, a desaceleração nas vendas é percebida em todos os segmentos, desde itens básicos como alimentos e produtos de limpeza, até eletrodomésticos. Algumas categorias, no entanto, são mais resilientes. "Em termos gerais, o setor de higiene e beleza, por exemplo, está sofrendo menos. Mas mesmo nessa área, alguns produtos sofrem."
Loureiro disse que a indústria está em compasso de espera para ver o que vai acontecer com o dólar. "Se ficar nesse patamar de R$ 2,40, R$ 2,50, vai haver reajuste. Havendo reajustes, vai haver menos consumo, portanto a indústria precisa julgar qual o momento certo de se fazer isso."
O Walmart tem 544 lojas de nove bandeiras no Brasil. A companhia fechou 25 pontos não rentáveis este ano e não abriu nenhuma unidade. A prioridade no momento é a integração das operações no país, prevista para terminar em março de 2016, segundo Loureiro. Até este mês, as lojas da companhia que respondem por cerca de dois terços do faturamento estarão integradas.
Veículo: Valor Econômico