No Paraná, setor deve ter fechado o ano de 2014 com expansão abaixo da nacional, perto de 1% de crescimento nas vendas
As vendas dos supermercados tiveram crescimento real de 2,24% em 2014, o mais baixo desde 2006, quando houve retração de 1,6% nas comercializações do setor. Em dezembro, a alta foi de 2,9% sobre o mesmo mês de 2013. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O índice já está deflacionado pelo IPCA e é inferior à projeção inicial de 3% feita pela entidade.
Apesar do avanço mais fraco, o dado é visto como positivo pela Abras em relação ao desempenho geral da economia, uma vez que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter expansão próxima de zero. Para 2015, a entidade prevê estabilidade, com alta de 2% nas vendas em relação a 2014. A Abras também apresentou projeções de leve crescimento do desemprego no País - podendo chegar a 5,5% - e de uma inflação de 6,8% no fechamento do ano. No entanto, ressaltou que os números estão em análise e podem ser revisados ainda no primeiro semestre.
No Paraná, o setor deve ter fechado o ano de 2014 com expansão abaixo da nacional, perto de 1% de crescimento nas vendas. O superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris, diz que o balanço ainda não foi divulgado, porém, até setembro de 2014 a alta era de apenas 0,1% em relação ao ano anterior.
"Alguns empresários me posicionaram que o final de 2014 foi pior, houve um investimento muito grande com a Copa do Mundo, as pessoas se endividaram para viajar, comprar televisão e, normalmente, pagam isso em 12 vezes. Enquanto esse investimento não for pago as pessoas devem dar uma segurada", estima. Essa "segurada" deve seguir até maio, na previsão de Rovaris. Segundo ele, o baixo crescimento nas vendas pode ter sido afetado pelo segmento de eletrodomésticos e eletrônicos.
"Itens de supermercado em si, possivelmente, vendeu mais, mas os que vendem eletrodomésticos e eletrônicos perderam muito depois da Copa", explica. De acordo com o balanço prévio da Apras, até setembro, o segmento classificado como bazar (inclui utensílios domésticos) registrava queda de 5,6% em relação a 2013. Já o segmento de bebidas foi responsável por grande parte do êxito dos supermercados, registrando expansão de 8,4% nos nove primeiros meses do ano passado.
"Foi um setor que se destacou no Paraná, compensando as demais quedas", diz Rovaris. Ele acredita que a própria crise econômica explique a maior venda de bebidas, uma vez que o consumo fora do lar costuma ser cortado dos gastos da família em busca de economia.
"Sempre é uma tendência, quando aumenta a crise o consumidor substitui a refeição fora do lar pela refeição em casa. Isso faz com que os supermercados sejam procurados nessa hora", afirma. Para o superintendente, o ano de 2015 deve ser mais concorrido e um desafio para as empresas na conquista de clientes, inclusive com possível nova queda nos preços praticados. Em 2014, segundo ele, os valores cobrados pelos estabelecimentos do setor no Paraná caíram 0,6%.
Veículo: Folha Web (27/01)