Supermercadistas estão menos otimistas este ano e acreditam em retração no período sazonal. Já redes especializadas em chocolates afirmam que haverá manutenção do índice do ano passado
A sazonalidade da Páscoa tem sido encarada com certo grau de temor pelos varejistas. A perspectiva é que o consumidor opte por produtos menores e mais baratos, fazendo com que as vendas deste ano não surpreendam.
A pouco mais de um mês da data, comemorada no dia 5 de abril, há quem projete até queda no período. Já a perspectiva da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) é de que as vendas fiquem em linha com igual período do ano anterior, quando a expectativa era uma alta de até 7,2%.
Segundo pesquisa da entidade, 26,9% dos supermercadistas estão otimistas e acreditam que as vendas serão superiores às de 2014. Por outro lado, o percentual de empresários que espera queda é de 17,3%. A explicação para o desânimo são os preços, cerca de 10% mais caros.
Apostas
A rede Walmart percebeu a mudança na categoria comprada por seus consumidores e resolveu abastecer os estoques com ovos de chocolate de menor gramatura. Além disso, as lojas da rede receberam os artigos sazonais antes do carnaval. "O Walmart está antecipando as vendas, tornando-se o varejista visto como referência desta sazonalidade. Para isso, estamos recebendo os ovos antes dos concorrentes, ambientando as lojas com o tema e comunicando já com anúncios em televisão. Com isso, esperamos aquecer as vendas desde já", informou a rede, ao DCI.
A iniciativa fica em linha com o apurado pela Abras, que verificou queda de 6,7% na encomenda de ovos de Páscoa com 500 gramas. Os menores (até 150 gramas) tiveram procura maior de 5,9%, seguidos de alta de 2,9% na compra de produtos como barras de chocolates e caixas de bombom.
O Walmart ainda não tem o quanto já foi vendido antecipadamente, mas explicou que 70% da venda de chocolates ocorrem na semana da Páscoa. Com produtos a partir de R$ 2,49, a rede espera incrementar as vendas em 10%.
Para outros produtos como os peixes - alimento característico da época - a expectativa de vendas é mais otimista. "A venda na Semana Santa comparada a semanas normais tem incremento de venda de 250% concentrado em filés, postas e peixes inteiros."
Estabilidade
Na rede Munik, hoje com 25 lojas em São Paulo, o sentimento é atingir vendas iguais às de 2014. "A estimativa ficou igual a do ano passado, tanto que vamos produzir 790 toneladas de itens de Páscoa", disse a gerente de expansão e corporativo da Munik, Marcia Bergamini Ferreira.
A executiva explicou que o motivo da manutenção na produção vai de encontro ao atual momento da economia brasileira: "mais lento".
Assim como as redes supermercadistas, a empresa aposta na venda de produtos de menor gramatura, como os mini ovos recheados. "Os recheados são os mais procurados pelos nossos consumidores, mas sabemos que o preço pode impactar na venda", disse.
Márcia explicou que mesmo segurando ao máximo o repasse, os produtos da Munik vão chegar 5% mais caros nas lojas. "Não conseguimos absorver tudo. Como trabalhamos com commodities tivemos que agregar [o custo] aos produtos."
Reformulação
Ao repensar a estratégia de Páscoa, a Ofner espera ter incremento de 15% nas vendas. "Fizemos uma mudança muito grande do ponto de vista da comunicação visual da marca, com produtos e embalagens novas", afirmou o diretor comercial da rede, Laury Roman.
A partir de hoje, a Ofner coloca à disposição os itens de Páscoa nas prateleiras e Roman informou que os produtos chegarão realmente mais caros ao consumidor. "O custo dos insumos e da produção aumentou, com isso os produtos estão mais caros. Mas apostamos em itens diferenciados como chocolates sem lactose, sem açúcar para diabéticos, assim como produtos mais na linha gourmet".
Roman disse também que é um período arriscado, já que os ovos de Páscoa perdem atratividade após a data. "Na segunda-feira já não há mais o que se fazer". Mesmo com tais questões durante a data, a receita da Ofner deve crescer de 15% a 20% em abril deste ano.
Veículo: DCI