SÃO PAULO (Reuters) - O setor supermercadista brasileiro piorou a expectativa de vendas para 2015 e espera fechar o ano com praticamente o mesmo nível de vendas de 2014, em mais uma mostra da estagnação econômica do país.
A Abras, entidade que representa o setor, agora prevê que as vendas reais do segmento deste ano serão apenas 0,5 por cento maiores que no ano passado, descontada a inflação.
A mudança veio após a entidade ter divulgado nesta terça-feira que as vendas dos supermercados do país no primeiro semestre ficaram estáveis ante a primeira metade de 2014. Em junho, também em termos reais, as vendas do segmento foram 3,04 por cento menores que no mesmo mês do ano anterior.
"Estamos vivendo um cenário bastante complicado, com as crises econômica e política afetando bastante a confiança do consumidor", disse a jornalistas o vice-presidente de Abras, João Sanzovo.
AUTOINDULGÊNCIA
Para o executivo, a estagnação até junho pode até ser vista como boa, dado de diversos setores do varejo tiveram contração nas vendas.
De acordo com Sanzovo, a mudança de hábito dos consumidores, como fazer menos refeições fora de casa e passar a consumir bebidas no lar, amorteceu parcialmente os efeitos da queda de renda das famílias provocada por inflação alta e aumento do desemprego.
Além disso, afirmou, é possível perceber que as pessoas estão assumindo menos dívidas e direcionando parte da renda para consumir no supermercado. "É uma autoindulgência", disse.
Para a Abras, apesar do cenário econômico e político adverso e da expectativa de impacto negativo da recente alta do dólar sobre produtos importados, e ainda de uma intensificação da volatilidade na China, os supermercadistas esperam manter o ritmo de vendas no segundo semestre.
"Tem as vendas de final de ano, que tornam a segunda metade do ano melhor", disse Sanzovo. "Por enquanto não estamos percebendo movimentos de demissões, ao contrario, pode até haver contratações temporárias," acrescentou.
Veículo: Site Extra