A projeção de crescimento real nas vendas do setor supermercadista para 2018 foi revisada ontem para baixo. Passou de 3% para 2,53%, conforme divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). No ano passado, o faturamento do setor somou R$ 353,2 bilhões, uma alta deflacionada de 1,25%.
Segundo Marcio Milan, superintendente da Abras, a desaceleração na estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano, de 2,75% para 1,5%, e o avanço da inflação nos últimos 12 meses, em 4,39%, um patamar próximo da meta do governo, colaboraram para alterar as perspectivas dos empresários.
"A greve dos caminhoneiros, a valorização do dólar e o recuo na produção industrial também colaboraram para a mudança no cenário econômico", disse Milan. No primeiro semestre, as vendas avançaram 2%, em base anual e termos reais, deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em junho, os varejistas reportaram crescimento real nas vendas de 3,37% em relação ao mesmo intervalo de 2017. Na comparação com o mês anterior, foi apurada uma queda de 0,7%. A corrida das pessoas para estocar produtos em casa, com medo de desabastecimento em consequência da greve, provocou impacto em junho. Além disso, o abastecimento de alguns produtos foi prejudicado.
Para 2018, a expectativa é que a inflação nos alimentos colabore para que a receita dos supermercados registre avanço maior ante o ano passado, afirmou Marco Aurélio Lima, diretor de relacionamento da consultoria GfK. "No momento, é observada recuperação nos preços do leite e seus derivados, que precisavam ser corrigidos".
Os preços deverão subir ao redor de 4% neste ano, mas nos próximos meses o ritmo de alta deverá ser menor. Mesmo assim, a inflação do setor deverá encerrar o ano acima do IPCA, disse o executivo da GfK.
De acordo com Ana Szasz, consultora de varejo da Nielsen, no acumulado do semestre, as lojas de vizinhança foram destaque no crescimento por inaugurações, assim como o atacarejo. No período, o melhor desempenho do setor foi registrado em Minas Gerais, Espírito Santo, Centro-Oeste e nos interiores de São Paulo e Rio de Janeiro.
Fonte: Valor Econômico