Nascido para oferecer uma experiência de compra diferenciada, formato vem perdendo gradativo espaço para o atacarejo, que cresce dois dígitos ao ano
Após a divulgação do negócio entre GPA e Assaí e a extinção do Extra Hipermercado, especialistas comentam a trajetória dos hipermercados que enfrentam uma crise de identidade. O modelo desgastado hoje dá vez aos atacarejos e lojas de vizinhança.
Nascidos com intuito de promover uma experiência de consumo diferenciada, com maior variedade de produtos e oferta de preço, os hipermercados foram engolidos por outros modelos de negócios do setor nos últimos anos. Crescendo a dois dígitos por ano, o atacarejo tem aprimorado sua oferta para surfar o aumento do número de visitantes.
Os supermercados, nos últimos anos, também investiram em sortimento e, hoje, competem em preços com os hipermercados. Outra vertente que ganhou tração na última década foi o modelo de lojas de vizinhança, que são mercados menores, com oferta concentrada em itens de primeira necessidade, como os segmentos de alimentação e higiene. Fora isso, a expansão do comércio eletrônico pressionou a atuação dos hipermercados na venda de eletroeletrônicos. Aos poucos, a margem desse mercado diluiu-se, o que colocou em xeque os melhores do modelo.
Há opiniões divergentes quanto ao futuro dos hipermercados como destacou a Revista Veja.
Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, o modelo passará por reajustes, mas não deixará de existir. “Deve predominar um formato um pouco mais enxuto, que não terá a pretensão de ter toda aquela oferta em não-alimentos, com variedade de sortimento, serviços e uma boa execução alimentar. Esse formato funciona muito bem em algumas regiões, como é o caso das redes Zaffari, Nordestão e Savegnago”, exemplifica. “O modelo de hipermercado tradicional, que tem muito serviço, muito sortimento e muitos funcionários, realmente está ameaçado, por ser um modelo operacional caro e por ter perdido as compras abastecedoras feitas por microempreendedores, para os atacarejos.”
Já, Flávio Conde, chefe de renda variável da Levante Ideias de Investimentos comenta: “os hipermercados tendem a morrer no Brasil. O que vai sobrar, no futuro, são os supermercados premium, como redes voltadas às lojas de bairro e o atacarejo”, diz. “A transação entre o GPA e o Assaí foi um ganha-ganha. O Extra vinha perdendo apreço nos últimos anos e o Pão de Açúcar conseguiu vender esse ativo por um preço que não vinha sendo percebido pelo mercado. E vendeu para o Assaí, que vai saber fazer esse trabalho de transformação das unidades”.
Engana-se, porém, quem pensa que a marca Extra morrerá. Ainda há alguns supermercados da bandeira e outras lojas mais enxutas, que continuarão a existir por ora. Fora isso, o site de vendas do Extra segue vivo e atrelado à Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto (ex-Ponto Frio).
Fonte: Veja