O Casino deu largada a sua ofensiva. Quer deixar claro para Abilio Diniz, sócio-fundador, minoritário e presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (GPA), que o empresário dificilmente conseguirá fechar qualquer acordo com a BRF antes de resolver sua situação na rede de varejo. E resolver - no francês do sócio controlador - significa sair completamente do Pão de Açúcar.
Na convocação da reunião de Wilkes, a holding controladora do GPA, o Casino pediu esclarecimentos a Abilio a respeito de seu interesse na BRF e em participar do conselho da companhia. Quer entender as implicações disso, dada a relação comercial das empresas. Casino não pretende aceitar que Abilio acumule as duas funções - de presidente do conselho de ambas as empresas. Em carta que convoca a reunião, assinada por Jean-Charles Naouri, o Casino informa que quer tratar da "discussão sobre as recentes e insistentes notícias" sobre a eventual eleição de Abilio para o conselho da BRF,
Procurado, a assessoria de imprensa de Abilio Diniz informa que ele confirmou que irá à reunião, seguindo os procedimentos de Wilkes e do GPA. Questionado sobre suas relações com a BRF, não se manifestou. A reunião ocorrerá na próxima quinta-feira, às 15 horas, na sede do GPA. O encontro, sem esse assunto, havia sido solicitado por Abilio, para a condução de Claudio Galeazzi e Luiz Fernando Figueiredo ao conselho da varejista, nos lugares atualmente ocupados por seu filho Pedro Paulo Diniz e sua esposa, Geyze Diniz.
O Valor apurou que a intenção do Casino é oficializar o debate de Abilio na BRF no âmbito de Wilkes e, com isso, dar o passo inicial no que a empresa chama de "estratégia legal" contra o sócio. O Casino quer que Abilio diga se vai ou não para a BRF por meio de uma posição oficial para que, possa estudar medidas em relação ao sócio.
Pessoas próximas ao Casino afirmam que o grupo francês já definiu a estratégia legal para essa situação e estaria disposto a buscar liminar na justiça para impedir a situação.
Até o momento, nenhum dos envolvidos diretamente na questão da BRF - Tarpon, Abilio e Previ - se pronunciaram sobre o assunto. Abilio já afirmou que não pretende deixar o conselho de GPA e, no atual momento, não vislumbra a possibilidade de vender suas ações conforme já acordado com Casino. Até novembro, havia negociações entre Abilio e o Casino. Mas desde então, as partes não voltaram a conversar.
Veículo: Valor Econômico