Alta prevista é de 2% em 2016
Assim como o setor atacadista nacional já ensaia uma recuperação nas vendas, uma leve melhora foi registrada pelos atacadistas mineiros, que normalmente acompanham a média de crescimento do País. No primeiro semestre deste ano foi apurada uma estabilidade nos volumes comercializados frente à primeira metade de 2015. A expectativa é encerrar 2016 com crescimento real de até 2% sobre o ano anterior.
A justificativa para o “respiro”, de acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Leonardo Severini, é a melhora no otimismo da população e dos empresários, diante das mudanças na política econômica brasileira, desde que Michel Temer (PMDB) assumiu interinamente a Presidência. Segundo ele, o setor é considerado um dos termômetros da economia, uma vez que abastece os centros comerciais.
“Somos os últimos a sentir as consequências de uma crise e os primeiros a se recuperar. Porém, essa recuperação ocorre de maneira gradativa e não de uma só vez como em outros segmentos. Neste sentido, em junho já foi possível perceber uma melhora no ânimo dos compradores e, consequentemente, elevar as vendas”, ressalta.
Conforme a entidade, as perdas reais acumuladas no ano passaram de 0,7%, em maio, para 0,22% em junho, aproximando o setor do cenário de estabilidade. Levando-se em conta que a economia ainda apresenta algum grau de incerteza, o resultado, embora ainda negativo, é considerado satisfatório. “Principalmente quando comparados com outras áreas, os números são motivos para se comemorar”, enfatiza.
Já os dados nominais (não deflacionados) de junho apontam crescimento de 4,5% em relação a maio e 11,31% na comparação com junho do ano passado. No acumulado do ano, a variação é de 9,41% sobre os primeiros seis meses de 2015.
No caso de Minas Gerais, Severini explica que o setor representa cerca de 10% do desempeno nacional, o que justifica a representatividade e o acompanhamento no ritmo de vendas. Segundo ele, o nível de participação das empresas mineiras já foi maior. No entanto, a proporção mudou com o passar dos anos e as alterações nas questões tributárias do Estado.
ICMS - “No passado, os atacadistas mineiros eram maioria até pelas condições oferecidas para instalação no Estado, com isenção e descontos em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) e outros tributos. Assim, tornavam-se responsáveis por abastecer grande parte dos pequenos e médios varejos de todo o País. Hoje, essa situação mudou. Cada região tem seus próprios abastecedores e Minas Gerais viu-se com um mercado mais restrito”, observa.
Há alguns meses, o setor travou uma longa negociação com o governo do Estado para garantir o regime de tributação especial. Até 2015, os atacadistas trabalhavam com um regime diferenciado, no qual o pagamento do ICMS ocorria após a venda dos produtos. Mas, neste ano, o governo passou o recolhimento do imposto para o momento em que os produtos fossem adquiridos em outros estados e entrassem em Minas Gerais.
A mudança foi vista de forma negativa pelos atacadistas por causa do risco de bitributação. O governo voltou atrás e as empresas que têm mais de 95% de compras realizadas junto às indústrias tiveram o regime especial de tributação mantido, assim como aqueles que têm suas mercadorias vendidas fora do Estado.
Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas