Em 2018, as foodtechs, startups que trazem soluções para o setor de alimentação, entraram no radar do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Desde então, foram feitas mais de 25 parcerias com negócios iniciantes, o que resultou em 200 novos produtos à venda nas lojas do grupo. “Nosso papel é criar um sistema de apoio para as foodtechs”, diz Illan Israel, gerente de Inovação do grupo. “Para poder disponibilizar as novidades dessas startups com mais agilidade, deixamos os processos de logística e pagamento mais flexíveis.”
Segundo Illan, foi criado um sistema especial para as startups. No caso de um fornecedor comum, pode levar de três a quatro meses para que os produtos cheguem às prateleiras. Nas parcerias com as foodtechs, o prazo é de 30 dias. “Cada etapa do caminho foi reavaliada, ou até deletada, para otimizar todo o processo”, diz. “Queremos criar uma relação benéfica e sustentável a longo prazo, tanto para nós e quanto para as startups."
A primeira parceria fechada pelo grupo foi com a Cheftime, em novembro de 2018. A foodtech, que só estava em e-commerce próprio, passou a comercializar seus kits gastronômicos também no e-commerce do Pão de Açúcar e em suas lojas físicas de São Paulo e do Paraná. Segundo Israel, a proposta é sempre testar os produtos primeiro no site, para só mais tarde disponibilizá-los em supermercados ou minimercados - dependendo do perfil e demanda do consumidor de cada região. “Teremos mais 30 foodtechs dentro das nossas lojas nos próximos meses”, diz Israel.
A expansão pelas lojas físicas também depende da capacidade de produção de cada foodtech. Os produtos da startup chilena NotCo, por exemplo, já estão disponíveis em toda a rede do Pão de Açúcar no Brasil . A food tech, que fabrica produtos veganos com o auxílio de inteligência artificial, foi a primeira representante do setor a receber investimento do CEO da Amazon, Jeff Bezos.
Para intensificar suas parcerias com as startups, o GPA criou, no mês passado, o GPA-Foodtech, dentro do Cubo, o centro de empreendedorismo de startups do Itaú. De acordo com Illan, o espaço será usado para encontros entre startups. “Já temos uma rede de contatos que permite mapear o ecossistema de foodtechs, mas queremos aumentá-la para encontrar novas oportunidades no mercado”, afirma Israel.
Segundo o gerente de Inovação, o foco do grupo está em foodtechs que possam diversificar o portfólio de produtos, ou que atendam novas demandas dos consumidores, como é o caso dos produtos veganos e orgânicos.
Parcerias estratégicas
A maioria das parcerias feitas com as foodtechs são comerciais - ou seja, têm como objetivo adicionar mais produtos ao portfólio. Mas o grupo já começa a estabelecer também parcerias estratégicas. Um exemplo é a James Delivery, plataforma de entregas de produtos de Curitiba comprada em dezembro do ano passado pelo GPA. O objetivo da aquisição foi melhorar as entregas das redes de supermercado Extra e Pão de Açúcar, usando o aplicativo da empresa paranaense. “O aplicativo torna a compra digital mais ágil”, diz Israel. “Pelo e-commerce, a entrega demora de 4 horas a um dia. No James Delivery, é possível receber em 30 minutos.”
Por enquanto, o aplicativo só está disponível nos bairros paulistas Itaim Bibi e Jardim Paulista. Mas a previsão é que, até dezembro, atenda toda a cidade de São Paulo. Depois, o planos é levar o serviço para mais 10 capitais brasileiras. "Procuramos soluções tecnológicas que agreguem valor à empresa, e esse é um bom exemplo", diz Israel.
Fonte: Época Negócios