Há um processo de recuperação econômica que leva o Grupo Pão de Açúcar, com mil lojas e 95 mil empregados, a prever um 2020 “muito melhor”, com aumento mais forte de demanda. Em 2020, o GPA voltará a abrir, depois de dois anos, supermercados novos da bandeira Pão de Açúcar e terá seu marketplace, um shopping center virtual.
“Há uma estrutura de longo prazo de juros mais baixos e de inflação controlada, então, enquanto tiver esse juro neutro ou zero, isso vai levar a uma dinâmica que nunca se viu. Teremos uma demanda que ninguém sabe como vai ser, mas que já se sabe que será extremamente positiva”, disse ontem pela manhã, em encontro com jornalistas, Ronaldo Iabrudi, co-vice-presidente do conselho de administração do GPA.
A empresa também planeja para 2020 o início da expansão da rede de atacarejo Assaí para fora do Brasil - a primeira loja será inaugurada na Colômbia.
A projeção do investimento para o próximo ano vai de R$ 1,6 bilhão a R$ 1,8 bilhão, com maior probabilidade de ficar perto do teto, disse Peter Estermann, CEO do GPA. É o mesmo valor, recorde para o grupo, de 2019.
O grupo pretende vender nos próximos anos até dez lojas dos hipermercados Extra (são 111 hoje) com baixo desempenho. São lojas que consomem R$ 15 milhões em lucro operacional ao ano. Outros 25 a 30 hipermercados serão convertidos em Assaí, numa nova fase de troca de formatos.
O grupo projeta alta nas vendas em linha com inflação nas lojas mais antigas (em operação há mais de 12 meses) para o Assaí e um pouco acima da inflação para as lojas Extra e Pão de Açúcar. A inflação para alimentos prevista para 2020 varia de 4% a 4,5%. Para efeito de comparação, até setembro, as vendas nas lojas mais antigas do Assaí subiram 7,2%, e no braço de varejo, 1,9%.
Em encontro com analistas, na tarde de ontem, o comando da empresa disse que, para 2020, projeta a abertura de 20 unidades da rede Assaí de 2020 a 2022 (mesmo número de 2019), 5 a 10 novas unidades do Pão de Açúcar (após dois anos sem inaugurações) e 50 unidades do Minuto Pão de Açúcar (foram três aberturas até setembro, incluindo conversão)
Também haverá, além das novas conversões de Extra em Assaí, a conclusão da fase de transformação de supermercados Extra em Compre Bem e em Mercado Extra. Essa fase foi iniciada há cerca de dois anos. Ambos são novos formatos criados para tentar recuperar o desempenho do modelo de supermercados do grupo.
De janeiro a setembro, as vendas líquidas da rede Pão de Açúcar caem 0,9%, e da rede Extra (afetada pela fase de transformações) está estável. Questionado pelo Valor se as medidas envolvendo as redes têm relação com esses números, Estermann disse que “não tem nada a ver com isso”. Segundo ele, “tem muita loja indo bem, e há algumas mais difíceis, mas nosso Ebitda do Pão [de Açúcar] não tem igual no mundo”.
Sobre Assaí o grupo projeta vendas de R$ 30 bilhões em 2019 e R$ 50 bilhões em dois anos. Perguntado se o GPA projeta que o Assaí alcance de 65% a 70% de vendas totais (como ocorre no Carrefour com o Atacadão), Estermann disse que quer um melhor equilíbrio no portfólio. “Vamos crescer no digital e com todas as conversões e reformas que temos feito, então não creio nisso”.
Fonte: Portal Amis