Companhia do setor de supermercados é a única a compor o índice; frigoríficos importantes foram excluídos
Lançado em 2005, o ISE B3 é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na B3 sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
O GPA foi a primeira e se mantém como única empresa do setor de supermercados a compor o índice. “Esse reconhecimento é motivo de muito orgulho e reforça o propósito da Companhia, de sermos um agente transformador, aperfeiçoando e inovando do nosso jeito de fazer negócio para a construção de uma sociedade mais sustentável e inclusiva”, ressalta Mirella Gomiero, Diretora Executiva de RH, Sustentabilidade e Tecnologia do GPA.
Ficaram de fora
Empresas com problemas socioambientais no histórico e que fazem parte da versão atual do índice, como a Petrobras, o supermercado Assaí e os frigoríficos Marfrig e Minerva Foods, ficaram de fora da nova seleção.
Segundo a B3, as empresas podem ter deixado a carteira por dois motivos: porque não se inscreveram para a seleção ou por não atingir os critérios estabelecidos. No entanto, os detalhes sobre cada circunstância não foram disponibilizados.
Em julho deste ano, a Bolsa anunciou mudanças na metodologia do ISE, que passou a incorporar critérios internacionais de ESG (sigla em inglês para os princípios ambientais, sociais e de governança).
Um deles é o CDP (Carbon Disclosure Project), iniciativa que avalia políticas relacionadas a mudanças climáticas. Para integrar o índice, as empresas precisam ter nota superior a C.
Outra novidade é a utilização do RepRisk, que indica o risco reputacional de uma companhia. Nesse caso a pontuação precisa ser igual ou menor a 50 pontos.
O desempenho de cada organização ainda não foi publicado, mas essas informações estarão disponíveis a partir do ano que vem —inclusive a nota daquelas que não foram selecionadas para a carteira.
Ainda que a B3 não confirme o motivo de cada exclusão, algumas empresas disseram ter desistido de participar da nova seleção. É o caso da Petrobras.
Outra companhia que faz parte do índice atualmente, mas não participou da nova seleção é o Assaí.
A rede atacadista disse que está na carteira do ISE de 2021 porque era uma subsidiária do GPA (Companhia Brasileira de Distribuição), mas com a cisão das empresas, em março deste ano, as ações foram desvinculadas.
“O Assaí não se submeteu ao ISE este ano [para carteira de 2022] porque o questionário era referente ao exercício de 2020. Assim, suas evidências e seus históricos ainda não eram como uma empresa independente, mas como subsidiária”, afirmou em nota.
Em agosto deste ano, o Assaí teve sua agenda ESG questionada, quando um homem negro foi obrigado a tirar a roupa dentro de uma unidade do supermercado em Limeira (SP) para provar que não estava furtando nenhum produto.
Na época, analistas disseram que o caso indicava como o ESG estava longe de ser colocado em prática no mundo corporativo.
Considerado um dos principais referenciais de sustentabilidade do mercado financeiro, o ISE também não está imune a críticas sobre desmatamento. Dois dos três maiores exportadores de carne do Brasil, a Minerva Foods e a Marfrig, integram a versão atual do índice.
Em dezembro de 2020, a ONG britânica Global Witness disse que os dois frigoríficos haviam comprado gado de fazendas com desmatamento ilegal. Na época, as empresas negaram as irregularidades.
A Minerva Foods não comentou a saída do índice, mas disse que segue empenhando esforços na cadeia de valor do agronegócio, em especial no combate ao desmatamento ilegal e às mudanças climáticas.
“Um tema prioritário para a companhia é garantir o fim do desmatamento ilegal em toda a cadeia de abastecimento na América do Sul até 2030”, afirmou em nota.
A Marfrig disse ter recebido com surpresa a decisão da B3 de excluir a companhia do ISE.
“No último ano, a empresa registrou inúmeros avanços, auditáveis, em suas práticas ESG. Ainda assim, devido a mudanças de critério adotadas para a formação da atual carteira, ficou fora do índice”, afirmou em nota.
Sobre as iniciativas contra o desmatamento, a Marfrig destaca que firmou um compromisso público em 2019 e vem implementando uma série de ações.
“Uma delas é o monitoramento de 30 milhões de hectares na região amazônica, via satélite e em tempo real.”
Fonte: Folha SP