Única fabricante de reciclado branco da América Latina planeja dobrar receita
Única fabricante de papel reciclado branco para impressão de livros e cadernos da América Latina , a KM Papel vai investir R$ 42 milhões na expansão de sua unidade de Volta Grande (MG), o que possibilitará à empresa lançar uma linha própria de produtos de papel reciclado. A partir da oferta de cadernos, formulários contínuos, entre outros itens, a empresa prevê mais que dobrar o faturamento até 2012, partindo de R$ 107 milhões projetados para este ano. Em dois anos, a meta é alcançar R$ 252 milhões.
"Trata-se de um projeto que terá algumas fases e que começou com os R$ 40 milhões já investidos na fábrica de Volta Grande, em 2006", conta o presidente da KM, Daniel Klabin Wurzmann, representante da quarta geração da família Klabin.
Como parte do projeto de verticalização - a empresa atuava apenas no fornecimento de papel reciclado branco para outras caderneiras -, a KM arrendou a partir deste mês uma fábrica em Pirassununga (SP), que será voltada à produção da nova linha de produtos pelos próximos três anos. Assim, da produção de 2 mil toneladas por mês previstas para este ano, mil toneladas serão direcionadas para itens da linha própria. Até 2012, quando o projeto de expansão estiver concluído, a capacidade instalada da empresa será de 3 mil toneladas por mês. "Hoje temos de pagar o frete do papel que sai de Volta Grande para Pirassununga. Depois da expansão, não teremos mais esse custo".
Comercialmente, explica o presidente da KM, a estratégia prevê atuação no mercado de produtos do tipo "commodity", o que deve gerar incremento no fluxo de caixa da empresa. "Não vamos concorrer no mercado de cadernos que custam R$ 15. Queremos atender as classes B, C e D, mas com produtos mais baratos, porém sustentáveis".
Além da ampliação, a KM também se prepara para processar aparas coloridas, o que deve ocorrer após 2012. Atualmente, a tecnologia utilizada pela empresa admite apenas impressões em preto e branco, em processo que utiliza cerca de 20% de celulose virgem, comprada de fornecedores como Fibria e Suzano Papel e Celulose. As aparas, por sua vez, são adquiridas junto às próprias fabricantes de papéis, entre elas a Klabin, e de gráficas e editoras que geram aparas pós-consumo.
Para financiar a nova etapa da expansão, conta Wurzmann, a empresa deve recorrer a fornecedores de equipamentos e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), além do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). "Cerca de 20% do valor corresponderá a capital próprio", afirma. Na primeira fase de investimentos, praticamente todos os recursos saíram do bolso do empresário.
A empresa, que no ano passado faturou R$ 90 milhões e deve se tornar uma sociedade anônima ainda em 2010, foi fundada por Wurzmann em 1996, já operou como distribuidora de produtos da Votorantim Celulose e Papel (VCP), que se uniu à Aracruz na Fibria, e chegou a aparecer entre as cinco maiores fabricantes nacionais de adesivos. Esse último negócio, contudo, foi vendido no ano passado à Colacril, como parte do processo de reestruturação pelo qual passou a KM.
Iniciada em 2008, depois de uma ausência de dois anos de Wurzmann por problemas de saúde, a reestruturação envolveu ainda o retorno do empresário à gestão diária da empresa, corte de funcionários e foco no segmento de papel reciclado branco. "Primeiro colocamos os negócios em ordem. Agora, vamos buscar o registro como SA, o que confere ainda mais governança", explica.
Veículo: Valor Econômico