Os seus Nikes são mais verdes que os seus Adidas? Em breve vai ser possível responder a essa pergunta, se os fabricantes conseguirem o que querem.
Um grupo de cerca de cem marcas e varejistas de roupas conhecidas desenvolveu uma ferramenta de software para ajudá-las a medir o impacto ambiental de suas roupas e calçados, do material bruto à lata do lixo. Basicamente, as empresas esperam apresentar uma espécie de "valor ecológico" nas etiquetas ou embalagens, algo como uma etiqueta do Inmetro para sustentabilidade.
O Índice Eco vai ser lançado no mês que vem na Outdoor Retailer, uma feira de negócios de roupas para esportes de aventura em Salt Lake City, nos Estados Unidos. A ideia é dar aos fabricantes uma forma comum de olhar o impacto ambiental e de direitos humanos quando desenham seus produtos.
Os consumidores não poderão ver imediatamente como as marcas se classificam. As empresas não informam exatamente quando estarão prontas para apresentar ao público o Índice Eco, no qual estão trabalhando há três anos. Mas, em algum momento, ele poderá ajudar os consumidores a saber quão verdes são as roupas.
A sustentabilidade já provou ser um poderoso motor do consumo de todos os tipos de produto - de carros Prius a diamantes produzidos sem conflitos. Também é uma maneira eficaz de atrair clientes para novos produtos.
É claro que nenhum índice ecológico vai convencer as pessoas a usar roupas que não sejam atraentes, não importa quão verdes elas sejam. Mas uma classificação positiva pode facilitar a decisão entre um par de calças Levi's ou Wranglers - ou atrair o crescente número de consumidores preocupados com o meio ambiente para novas marcas.
Ainda estamos bem longe de saber qual o Índice Eco de um par de Jimmy Choo: nenhuma marca de luxo está envolvida, de acordo com o grupo. As empresas mais sofisticadas têm demorado para se envolver com novas tendências de varejo (das vendas on-line à mídia social) considerando que o apelo delas é outro: o luxo.
Mas a coalizão que participa do índice inclui uma vasta área da indústria de roupas. Entre as marcas estão Levi Strauss & Co., Nike Inc., Adidas AG. e Timberland Co., além de varejistas de massa como a Target Corp.,segundo informam as empresas e comitês de grupos da indústria.
A produção da indústria da roupa tem enormes consequências globais. A fabricação do couro normalmente envolve químicos tóxicos. A produção de tecidos sintéticos, como o poliéster, usa grandes quantidades de petróleo e outros materiais que liberam compostos voláteis. Algumas roupas circundam o globo duas vezes antes de chegar às redes varejistas.
Cada vez mais, os ambientalistas acham que deveríamos contar também os custos na ponta final das roupas: a lata de lixo. Os americanas jogaram fora 12,4 milhões de toneladas de têxteis em 2008 - um número que está crescendo mais rapidamente que outras fontes de lixo, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental do governo americano. Os hábitos de consumo nos EUA eram bem mais sustentáveis em 1960, quando jogavam fora apenas 1,8 milhão de toneladas de têxteis.
O Índice Eco, que é basicamente uma ferramente de software que qualquer fabricante de roupas pode usar, apresenta uma série de questões sobre as práticas ambientais e trabalhistas das empresas - algumas das quais dependem de respostas dos fornecedores.
As questões cobrem todos os passos da vida de um produto - produção da matéria-prima, fabricação, distribuição e até mesmo descartes. Por exemplo, a Levi's ganha pontos por ter um programa de reciclagem de seus jeans e a Timberland ganha pontos por usar curtumes com sistemas de purificação da água.
Segundo as companhias, pontos são perdidos pelo uso de materiais volumosos de empacotamento ou pelo transporte dos produtos por longas distâncias.
Veículo: Valor Econômico