Para os supermercadistas, redução é explicada pela campanha de uso consciente do produto junto ao consumidor

A distribuição de sacolas plásticas pelos supermercados gaúchos teve queda de 19,59% no segundo semestre do ano passado. De julho a dezembro de 2012, foram 153,6 milhões a menos com relação ao mesmo período do ano anterior. A redução foi verificada mesmo com o aumento de 7,3% na presença de clientes nas lojas. Ainda assim, em 2013, serão entregues 1,2 bilhão de unidades.

A estimativa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) é de que 20% dos 4 mil estabelecimentos no Estado realizem ações visando ao uso consciente das sacolas. O presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, ressalta o fato de a prática resultar em benefícios para o meio ambiente, mas também para os consumidores. “A redução nos custos deve ser repassada ao consumidor. É importante que ele sinta no bolso”, frisa.

De acordo com Longo, somente neste ano, os descontos somam R$ 80 mil. Atualmente, cerca de 8% dos clientes levam algum tipo de embalagem, como as sacolas ecológicas, aos estabelecimentos na hora das compras.

Na tarde de ontem, no Dia Internacional do Meio Ambiente, foi realizado, na Capital, o 3º Fórum das Sacolas Plásticas. “O objetivo foi apresentar alguns casos e realizar a divulgação de boas práticas”, explicou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Estadual (MPE) e procuradora de justiça, Têmis Limberger.

Durante o evento, realizado pela Agas, pelo MPE e pela Fecomércio-RS, foi renovado o convênio “Sacola bem utilizada ajuda o meio ambiente”, lançado no ano passado, que desencadeou uma série de ações voltadas ao uso consciente e à redução do consumo das sacolas plásticas em solo gaúcho. A meta é ampliar a campanha, incluindo outros estabelecimentos do varejo. “Ainda temos um longo caminho a ser percorrido, mas o resultado está dentro do esperado até o momento”, resume Longo.

Em 2011, uma pesquisa do Instituto Segmento apontou que 81% dos gaúchos eram contrários ao fim imediato das sacolas plásticas. “Este posicionamento foi endossado pelo Movimento das Donas de Casa do Estado e por diversos estudos de opinião levantados neste período, e por isso propusemos essa diminuição gradativa no uso deste material”, lembrou Longo. Em um ano, grande parte das redes de supermercados do RS aderiu ao projeto e passou a treinar empacotadores e a estampar, em suas sacolas, o selo “Sacola bem utilizada ajuda o meio ambiente”, lembrando o consumidor de sua responsabilidade ambiental na compra.

Acordo de logística reversa de embalagens sai em 2013

A expectativa da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) é de que até o final de 2013 será assinado o acordo setorial para implementar o sistema de logística reversa no segmento de embalagens, conforme os princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O assessor técnico da Abiplast Gilmar do Amaral informa que a proposta já está sendo analisada pelo Ministério do Meio Ambiente e, se aceita, deve ser submetida à consulta pública no mês de julho.

Entre as medidas sugeridas, estão o treinamento dos catadores e o aumento da capacidade de reciclagem. Amaral salienta que a Abiplast participa da coalizão empresarial formada por 22 associações que abrange os fabricantes de embalagens, distribuidores, comerciantes, entre outros agentes que estão debatendo o tema. São representadas companhias que trabalham com embalagens pós-consumo de produtos não perigosos feitas com materiais como plástico, papelão, alumínio etc. O assessor técnico detalha que não está dentro da coalizão o segmento de vidro, que apresentou uma proposta de acordo setorial distinta.

Amaral destaca que as embalagens são produtos recicláveis, o que facilita a implantação da logística reversa. “Mas é claro que para montar essa política é necessário um programa de educação ambiental muito forte, que também está incluído no nosso plano”, diz o assessor técnico da Abiplast. Ele enfatiza que a logística reversa começa dentro da casa do consumidor, com a separação entre os resíduos secos (inorgânicos) e os úmidos (orgânicos). “O consumidor é o principal elo dessa cadeia.” Amaral acrescenta que a propagação da coleta seletiva será fundamental para o sucesso da iniciativa.

O assessor da Abiplast será um dos participantes do Seminário de Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos: Cidade Bem Tratada. O objetivo do evento é chamar a atenção da sociedade sobre o atual cenário da Política Nacional de Resíduos Sólidos. As palestras, gratuitas e abertas ao público, irão ocorrer hoje e sexta-feira, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e integram a programação da Semana Municipal e Estadual do Meio Ambiente.

Veículo: Jornal do Comércio - RS