Rio - Enquanto especialistas listam desafios para a implantação de políticas públicas de sustentabilidade na cidade, empresas de diversos setores adotam estratégias de desenvolvimento sustentável. Na última segunda-feira, foi oficializada uma parceria entre a Rede Brasil do Pacto Global, da ONU, com o Grupo Empresarial Firjan ODS, formado por Coca-Cola, Enel, Rede Globo e Vale. No evento, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou sua adesão ao Pacto Global da ONU, com a intenção de disseminar a chamada Agenda 2030 no Estado do Rio de Janeiro.
— O pacto é uma iniciativa da ONU com uma característica um pouco diferente, porque não tem foco em governos, mas, sim, em companhias. Entre os 200 maiores PIBs do mundo, 153 são de empresas. Por isso é essencial trazer as companhias para a agenda do desenvolvimento — explica o secretário-executivo do Pacto Global, Carlo Pereira.
Com mais de 15 anos de experiência em temas relacionados à sustentabilidade corporativa, Pereira explica que, no Rio, várias empresas estão adotando os ODS.
— Esse é um movimento muito interessante. Vale lembrar que qualquer empresa pode causar um impacto negativo no meio ambiente, mas o objetivo é minimizá-los e proporcionar efeitos positivos sempre que possível. Foi feita, no ano passado, uma pesquisa que mostrou que só 1% da população em geral conhecia a Agenda 2030. Por isso que as ações de educação são tão importantes no Rio.
Presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiróz diz que o setor tenta minimizar os danos ao ambiente:
— Cada vez mais, isso faz parte da filosofia das empresas. Nos mercados, os principais focos são o combate ao desperdício e o incentivo à reciclagem.
Justamente com a intenção de diminuir a quantidade de artigos descartados sem necessidade, a rede carioca SuperPrix lançou a campanha “As aparências enganam”, que comercializa vegetais com aspecto incomum dando desconto de 30%. Para chamar a atenção dos clientes, bancas da ação são instaladas no setor de hortifrúti.
— Sabemos que cerca de 40 mil toneladas de alimentos são desperdiçados todos os dias no Brasil. Vi, na Europa, iniciativas de estabelecimentos contra o descarte de alimentos e propus a ideia. Hoje, vendemos com desconto vegetais diferentes, como cenouras sem formato retilíneo ou chuchus menores. As pessoas tinham preconceito com a aparência diferente, mas os valores nutricionais são os mesmos. A aceitação tem sido muito boa, e, no total, mais de 50 mil quilos de alimentos deixaram de ser jogados fora desde 2016 — conta Cynthia Vale, gerente de marketing da rede.
O especialista em varejo Marco Quintarelli afirma que há movimentos do setor em prol da sustentabilidade que precisam ser abraçados pelos cariocas:
— Hoje, a maioria das lojas incentiva a diminuição do uso das sacolas plásticas, mas o consumidor ainda está se acostumando a essa cultura. O Rio necessita de novas políticas e de mudanças de comportamento.
Fonte: O Globo