Uma semana depois de dar início ao serviço de quarta geração de telefonia móvel no país (4G), o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, afirmou que a parceria com a Oi, para compartilhamento de infraestrutura em 4G, "tem funcionado bastante bem" e é de "longo prazo".
"Conseguimos chegar a um equilíbrio de governança muito adequado", afirmou Abreu, que participou ontem em São Paulo de um evento promovido pela Momento Editorial para discutir o impacto das medidas do governo federal para desenvolver tecnologia no país. Segundo Abreu, TIM e Oi souberam "preservar a possibilidade de competição, ao mesmo tempo em que construíram uma governança sólida" para reduzir, proporcionalmente, o investimento dos dois lados.
O acordo entre as operadoras envolve a parte tecnológica, com o compartilhamento da rede de acesso de rádio (RAN, na sigla em inglês). Até hoje, as operadoras em geral dividiam partes passivas da infraestrutura, como as torres. Essa é a primeira experiência que avança até a parte eletrônica, que é a antena, a qual opera nas frequências de 4G das duas operadoras, informaram as companhias no mês passado.
A expectativa de especialistas do setor era de que alianças desse tipo ocorressem apenas para cumprir o cronograma estabelecido pela agência reguladora e dividir investimentos iniciais. Seriam, portanto, temporárias. Abreu, entretanto, afirmou que a parceria com a Oi é necessariamente perene. "Os contratos precisam de revalidações periódicas, mas são contratos de 15 anos", afirmou. "Não dá para entrar em uma parceria como essa sem pensar no longo prazo", disse o executivo.
Abreu não revelou como ocorreu a divisão de áreas de cobertura entre TIM e Oi para a instalação do 4G. Mas o Valor apurou que a TIM ficou responsável por Recife, Curitiba, São Paulo e Natal, enquanto a Oi vai responder pelo 4G em Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Fortaleza, Rio de Janeiro, Cuiabá e Salvador. Essas são as cidades-sede da Copa do Mundo, que deverão estar cobertas com o serviço 4G até o fim do ano.
A TIM planeja investir cerca de R$ 2 bilhões em banda larga a partir do Regime Especial de Tributação de Banda Larga, do Ministério das Comunicações, disse Abreu. O plano prevê a desoneração de 13 tipos de rede e os respectivos percentuais a serem cumpridos em produção e tecnologia nacional.
O prazo para que as teles enviem seus projetos ao governo é 30 de junho. Mas, segundo o executivo, a data precisaria ser prorrogada para mais dois ou três meses, devido à abrangência do projeto do ministério.
O setor de telecomunicações foi o segundo que mais recebeu aportes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2012, segundo o presidente do banco, Luciano Coutinho, que participou do evento. O desembolso foi de R$ 7,2 bilhões, inferior apenas ao do setor elétrico. O montante representa 28,5% de tudo o que foi investido no setor no ano passado.
Veículo: Valor Econômico