Integração com floresta abre mercado para fornecedores

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A tecnologia que integra lavoura, pecuária e floresta é adotada em 30 mil hectares de terras agricultáveis no Paraná, mas esse número deve crescer dez vezes nos próximos sete anos, segundo projeção da Cocamar, cooperativa que atua na região. Aplicada pela primeira vez pela Embrapa em 2006, a integração agrícola florestal, batizada de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), é aplicada em mais de 300 fazendas no País e pode alcançar o mesmo grau de importância que tem hoje a técnica do plantio direto.

Essa perspectiva já chama a atenção de empresas de máquinas e insumos, já que o aumento do cultivo de florestas em áreas agrícolas deve demandar mais equipamentos e produtos específicos por parte dos produtores rurais, segundo fontes do setor consultadas pelo DCI.

Neste ano, o Plano Agropecuário disponibilizará R$ 3,4 bilhões para o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), que financia produtores a adotarem a técnica de integração com floresta, entre outras técnicas para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Também neste ano foi aprovada a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que busca aperfeiçoar a produtividade das fazendas com integração. Aprovada em abril, a política entrará em vigor em outubro.

O coordenador do programa de ILPF da Cocamar, Rafael Franciscati, acredita na expansão da técnica em todo o País, mas em um nível menor que o projetado para o Paraná.

A adoção da técnica é vista como uma solução principalmente para pequenos e médios produtores que possuem pastagens degradadas, pobres em matéria orgânica.

Entraves para o crescimento

A maior dificuldade para que a integração agrícola e florestal ganhe escala é, segundo o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa, a falta de assistência técnica para os produtores. "A tecnologia já existe, é comprovada. Mas, para ganhar escala, precisa de assistência. É algo que passa por fases, primeiro é a integração entre lavoura e pecuária, e depois para a floresta", afirma Correa.

Ele acredita que a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), prometida pelo governo federal na ocasião de lançamento do Plano Agrícola Pecuário 2013/2014, pode ser uma ferramenta para ajudar a disseminar os conhecimentos sobre ILPF.

A Cocamar e a Embrapa têm uma parceria que envolve também a John Deere e a Syngenta para disseminar os conhecimentos para a adoção da técnica.

João Pontes, diretor de planejamento estratégico para a América Latina da John Deere, acredita a integração tem potencial para crescer também entre produtores de grande porte, como já ocorre na região oeste da Bahia.

Outra empresa que está dando os primeiros passos no mercado florestal é a Bayer Cropscience, divisão agrícola da multinacional alemã. A empresa registrou recentemente um fungicida para o controle da ferrugem do eucalipto e pretende apresentar ao mercado novos produtos para o controle de insetos e de plantas daninhas em três anos . Segundo o coordenador de contas chave para floresta da Bayer Cropsciente, João Galon, o foco da empresa ainda é mais o segmento florestal isoladamente, que está entre os três maiores negócios de defensivos vegetais da companhia. "[Mas] acreditamos que haverá um crescimento [da integração]", diz. Para Galon, o avanço da ILPF tem maior espaço entre pecuaristas e produtores independentes.

A Valtra, por sua vez, trabalha com um projeto-piloto de ILPF em uma fazenda em Montes Claros (MG), para o qual fornece tratores para o cultivo de pés de café, que são plantados ao lado de árvores para a indústria moveleira.

A empresa é menos otimista com a perspectiva de ampliação da integração agrícola e florestal no Brasil. O gerente de vendas da Valtra, Alexandre de Assis, afirma que a técnica para integrar florestas é cara, já que demanda investimentos de ao menos R$ 1 milhão com máquinas para colheita de madeira. "Há uma tendência em estudado, mas não existe forte demanda", afirma. Assis observa ainda que o desenvolvimento da ILPF enfrenta gargalos logísticos, como a dificuldade de transportar a madeira para indústrias de celulose móveis.

Retorno econômico da ILPF

As fazendas do Grupo Montecristo, no Paraná, investiram muito pouco para iniciar a integração em seus 4 mil hectares. Para plantar floresta de eucalipto, o grupo gastou ao menos R$ 4 mil por hectare, enquanto a silvicultura custou no mínimo R$ 3 mil por hectare. Realizado há cinco anos, o investimento em eucaliptos está começando a dar retorno neste ano, enquanto o projeto de silvicultura, iniciado há menos de um ano, levará mais quatro anos para dar resultado, afirma Henrique Moino, assistente do projeto de integração do grupo. Ele ressalta que a integração aumenta a rentabilidade e cita um levantamento da Consufor, segundo o qual o investimento em florestas foi o segundo mais rentável entre 2008 e 2012, atrás apenas do ouro.



Veículo: DCI


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