Na Europa, no Japão, na Coréia e na próspera China, a leitura de códigos de barras bidimensionais pelos celulares virou rotina em vários estabelecimentos comerciais. Isso porque esses códigos, ao contrário dos convencionais, armazenam muito mais informações sobre o produto oferecido, permitindo ao consumidor saber o que está comprando com mais exatidão. Basta aproximar o celular do código e as informações são visualizadas na telinha do aparelho, que é dotado de um software específico.
Essa tecnologia também está desembarcando no Brasil e, aos poucos, supermercados e lojistas começam a aplicar este tipo de código em alguns de seus catálogos promocionais. É o caso da Fast Shop em São Paulo (para algumas promoções) e da rede Angeloni, de Santa Catarina, para clientes do clube Fidelidade que compram pela internet. A rede Cinemark também está vendendo seus ingressos de cinema com código bidimensional no celular e a companhia aérea Gol está testando a tecnologia para chek-in móvel.
Como nos códigos 2D cabem cerca de 4.300 caracteres contra 50 do código convencional, é possível incluir vários itens referentes ao serviço ou à mercadoria: preço, validade, peso, origem, valor nutricional (se for alimento), hora de saída do vôo, nome do filme, horário, sala de exibição e o que mais a empresa quiser incluir.
Aplicação em segurança – O código de barras 2D também servirá como uma outra camada de segurança móvel nas transações eletrônicas de internet banking e e-commerce. A BRToken, especializada em sistemas de segurança digital, está lançando uma nova versão do seu token SafeMobile. Ele captura os dados do código na página do banco ou da loja onde está sendo efetuada a compra, permitindo a autenticação e validação eletrônica, de forma rápida e mais segura. O produto será demonstrado durante o evento de tecnologia Interop, que começa hoje em São Paulo.
O diretor de tecnologia da BRToken, Alexandre Cagnoni, explica que o SafeMobile é um software instalado no celular e enviado pelo banco ou lojista para seu cliente. Não existe vínculo com as operadoras de telefonia móvel, apenas com as instituições financeiras e com os lojistas que quiserem oferecer a solução. "Quando a pessoa acessa alguma transação online, ela precisa ser validada com um programa de autenticação convencional. Mas ele pode fazer isso pelo celular com a ajuda do código de barras", lembra Cagnoni, o que lhe dá mais garantia de uma operação segura.
Ao entrar na página de seu banco no computador, o cliente digita a agência, conta e senha e faz a transação. O banco (de posse desse software) emite um código na forma de uma imagem com os dados ali preenchidos. O celular com câmera (com no mínimo 2 MPixel de resolução) se aproxima da tela, captura a imagem do código, decodifica as informações na tela do aparelho (com agência, conta e valor) e pergunta se estão corretas. Se for confirmado, um novo número (de quatro ou seis dígitos) é gerado no telefone. Será esse número que validará a operação na tela do internet banking. "Tudo é feito rapidamente, e de forma transparente para o usuário", afirma o executivo da BRToken.
Cagnoni lembra que se o computador tiver um vírus ou a operação for alvo de algum programa maldoso (malware ou phishing), o celular dificilmente estará contaminado com o mesmo tipo de praga, o que minimiza muito a ocorrência de fraudes eletrônicas. O executivo lembra que a versão mais antiga do token SafeMobile gera uma senha dinâmica baseada em tempo (muda a cada X segundos) e cujo número o cliente precisa digitar no celular. A nova solução escaneia o código já pronto e confirma ou não a transação. Além dos bancos, o alvo da BRToken são as lojas online, que precisam da confirmação dos valores de compra de seus clientes.
Qualquer celular em rede GSM ou 3G e com câmera de 2 MPixel aceita o software. Estão em testes outros aparelhos com câmeras menos robustas, mas ainda não se mostraram confiáveis na leitura do código 2D com qualidade. Se o usuário perder o celular, o software é desativado e reativado num outro aparelho. O SafeMobile 2D foi criado no centro de desenvolvimento da BRToken, em Santa Rita de Sapucaí, Minas Gerais.
Veículo: Diário do Comércio - SP