O premium da Schin

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Como a cervejaria utiliza as pequenas cervejarias especiais adquiridas nos últimos meses para polir sua imagem


JOAQUIM CASTANHEIRA

 

Os bebedores de cerveja andam preocupados. Desde o início de 2007, a Schincariol, segunda maior cervejaria do País, arrematou três ícones entre os apreciadores da loira: a Eisenbahn, a Baden-Baden e a Devassa. O temor era de que os novos donos alterassem a fórmula das cervejas para colocá-las no patamar médio do gosto brasileiro – aquele que os fabricantes chamam de leve e suave e os conhecedores classificam como aguado. Meses depois da última aquisição, a Schincariol garante que isso jamais acontecerá. Não por qualquer fator emocional, mas sim por uma clara lógica empresarial. As três marcas premium preencheram uma lacuna no portfólio de marcas da Schincariol e abriram uma porta para a cervejaria chegar aos copos de um consumidor que nunca a viu com muito carinho: as classes A e B, justamente aquelas que consomem cada vez mais as chamadas cervejas especiais. “Não compramos volume de produção. Compramos marcas e o que elas significam”, afirma Marcel Sacco, diretor de marketing da Schincariol.

 

Com as compras, a empresa fincou sua bandeira no pedaço que mais cresce do mercado. No primeiro semestre de 2008, enquanto o setor apresentou uma expansão de 25%, as vendas de cervejas especiais saltaram 85%, segundo a Nielsen. A participação dessa categoria no mercado de cerveja, estimado em R$ 25 bilhões, ainda é residual, 0,4%, mas a margem de retorno é três vezes superior à da cerveja tradicional. Hoje, já existem mais de 80 microcervejarias no País, e o ritmo de expansão acompanha o do mercado americano. Lá, a maior fabricante de cervejas artesanais, a Samuel Adams, fatura US$ 300 milhões. “Arrematamos as três marcas mais imsignifiportantes desse mercado e, ao mesmo tempo, barramos um possível movimento da concorrência”, afirma Sacco. Com elas, a Schincariol também reforçou sua presença em três diferentes regiões geográficas: Rio de Janeiro, com a Devassa, São Paulo, com a Baden- Baden, e o Sul, com a Eisenbahn.


Independentemente dos feudos regionais, as três marcas não brigam entre si, afirma Sacco. A Devassa possui DNA tipicamente carioca. “Ela nasceu em boteco, é irreverente até no nome e no slogan ‘Um tesão de cerveja’”, diz ele. Já a Baden, avalia Sacco, remete à sofisticação, com edições especiais cujas garrafas custam R$ 72, como a Tripel. Seu marketing é voltado para a harmonização gastronômica. A Eisenbahn, por sua vez, tem como apelo sua própria origem: ela foi criada por uma família de Blumenau (SC) que desenvolveu um profundo conhecimento sobre o produto e segue os padrões da Reinheitsgebot, a Lei Alemã da Pureza, que determina o uso de puro malte de cevada, fermento, lúpulo e água na fabricação, sem a utilização de conservantes ou aditivos, o que garante um sabor e aroma acentuados. Juntas, as três marcas somam 27 tipos de cerveja, com preços que vão de R$ 2,90 (a versão Pilsen da Devassa) a R$ 80 (a Lust, da Eisenbahn, elaborada com o mesmo processo do champanhe). De quebra, significaram um passaporte para a Schincariol ingressar em ambientes mais exclusivos, como alguns restaurantes, hotéis e bares mais moderninhos. “O prestígio dessas grifes permeia toda a empresa”, diz Sacco.

 
 
DEVASSA: cerveja de nome “irreverente e espírito carioca”
A TRIPEL, DA BADEN-BADEN, DE R$ 72: marca sofisticada
EISENBAHN: respeito à Reinheitsgebot, a Lei Alemã da Pureza


Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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