Água mineral foi servida ao Papa Francisco no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (SP)
As leis da física e a crença numa força divina que ajudaria a mover até mesmo o mundo das empresas convivem sem conflito na rotina do paulista Antônio José Vieira, de 68 anos, dos quais mais de 30 vividos no Sul de Minas Gerais, onde ele engarrafou a água mineral servida ao Papa Francisco no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (SP). Físico por formação e industrial por opção de vida, ele lançou no almoço oferecido ao pontífice a garrafa especial das águas da fonte Rio Claro, explorada na Fazenda Boa Esperança, em Delfim Moreira, negócio próspero, a despeito do cenário desfavorável para a indústria brasileira.
Não foi a primeira vez que o empresário, dono da Água Mineral da Serra da Mantiqueira, conviveu, mesmo que por poucas horas, com a maior autoridade do mundo católico. A notícia da canonização de João Paulo II, feito São João Paulo II em abril, teve um sentido especial para Antônio Vieira, chamado pelos amigos de o “homem dos três papas”. Ele esteve com João Paulo II em duas das três visitas do santo homem ao Brasil.
Falta de reforma tributária é principal trava na economia, para Antônio Vieira
nos anos 90. Depois, conversou com o antecessor de Francisco, Bento XVI, ao receber a comunhão das mãos dele no Santuário de Aparecida em 2007 e durante a ordenação do cardeal Dom Raymundo Damasceno em Roma.
Devoto fervoroso da padroeira do Brasil e bem relacionado com outros cardeais a exemplo de Dom Ivo Lorscheiter e Dom Cláudio Hummes, o empresário divide as atenções entre os negócios e a dedicação à Igreja. Além da engarrafadora que passou a abastecer todo mês o Santuário de Aparecida, Antônio Vieira ergueu na vizinha Itajubá, município industrializado do Sul de Minas, a Higident do Brasil, maior fábrica de sabonetes terceirizados no Brasil por gigantes da indústria de cosméticos, entre eles Nívea, Boticário, Natura, Avon e Walt Disney Company, e por grandes varejistas, do porte de WalMart e Hypermarcas.
É difícil descrever a emoção sentida no encontro com o Papa Francisco. “O senhor me perdoe”, disse Antônio assim que pôde se dirigir a Francisco, para então emendar “...mas o senhor veio com uma missão diferente, a de fazer com que exista paz, uma grande esperança para o mundo”, conta o empresário. Na cadeira de comandante do grupo AJV, ele determina os rumos de três empreendimentos com mais de 1 mil trabalhadores. O conglomerado é também composto de fazendas produtoras de café, milho, feijão, leite e criação de gado de corte.
Contra as agruras da vida terrena e o que considera ser o maior desafio imposto pela economia brasileira –a alta carga tributária –, Antônio Vieira está, agora, debruçado no projeto de expandir o grupo empresarial. No ramo da água mineral, trabalha para deixar a concorrência regional e disputar o mercado brasileiro, com nova distribuidora em Belo Horizonte.
A fábrica de sabonetes, por sua vez, também tem planos para crescer, depois de ter alcançado o frenético ritmo de 13 sabonetes moldados por segundo em 20 linhas praticamente exclusivas de cada cliente. São necessárias 1.400 refeições diárias para atender empregados e fornecedores. O empresário recebeu na semana passada o prêmio de industrial do ano concedido pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
Veículo: Estado de Minas