Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor de bebidas somaram R$ 7,3 bilhões entre 2004 e 2013, com uma média anual de crescimento de 15,6%. A indústria investiu fortemente na última década para aumentar a capacidade produtiva e acompanhar o crescimento do consumo, vindo do aumento de renda da população e da organização de eventos como Copa do Mundo e Olimpíada. Do total desembolsado no período, cerca de 80% foram direcionados às companhias de grande porte, principalmente Ambev e Brasil Kirin.
A tendência é que tanto os desembolsos do BNDES ao setor quanto os investimentos do segmento a serem feitos nos próximos anos sejam apenas para manutenção do parque industrial, segundo o banco.
No primeiro trimestre deste ano, a instituição fechou dois acordos no setor: Ambev e uma cooperativa de menor porte contrataram um total de R$ 936,6 milhões em crédito. Quase a totalidade desses recursos foi pedida pela dona do guaraná Antarctiva, para implantação, ampliação e modernização de fábricas e aquisição de máquinas e equipamentos. O dinheiro vai sendo liberados aos poucos, à medida que os projetos avançam. A Cooperativa de Produtores Ecologistas de Garibaldi, que fabrica espumantes, foi a outra contratante, no valor de R$ 433,4 mil.
A chefe do departamento de bens de consumo e serviços da área industrial do BNDES, Ana Cristina Rodrigues da Costa, diz que as empresas de bebidas aumentaram os investimentos de forma geral, independentemente de seu porte, mas é natural que aquelas que detêm a maior parte do mercado representem a maior fatia de desembolsos do banco.
Segundo Ana Cristina, as fabricantes menores têm dificuldades em acessar os canais de distribuição e um dos caminhos para elevar as vendas, além de aumentar a exposição de seus produtos e na própria qualidade da bebida, é investir em embalagens, para tentar seduzir o consumidor. Um dos subsetores que conseguem fazer isso é o de microcervejarias e cervejarias artesanais.
Ela disse que os investimentos do setor de bebidas consolidaram a estratégia das companhias de diversificar sua linha de produtos, em vez de oferecer apenas um tipo de bebida. "As empresas estão com uma tendência de oferecer produtos mais saudáveis em vez de ficar só com refrigerantes."
Veículo: Valor Econômico