Vinícula chilena ganha espaço no mercado brasileiro

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A vinícola chilena Emiliana separou-se da Concha y Toro há 26 anos e, desde 1998, dedica-se à produção orgânica e biodinâmica, com métodos naturais de fertilização e de controle de pragas. No ano passado, a empresa se tornou uma das dez maiores exportadoras de vinhos do Chile, com 10,3 milhões de garrafas enviadas a 30 países, incluindo o Brasil. Foram vendidas 500 mil unidades no país em 2013, e a estimativa é elevar este número em 40% em 2014, para 710 mil.

Os vinhos da Emiliana, de marcas como Adobe, Novas, Signos de Origen, Coyan e Emiliana, custam de R$ 28 a R$ 300 no varejo brasileiro. O portfólio chegou ao Brasil em 2008 e, em 2011, passou a ser representado pela importadora La Pastina, que conseguiu reduzir os preços ao consumidor. Os 28 rótulos da vinícola são vendidos em supermercados, lojas de vinho, restaurantes e pela internet.

Com o aumento do emprego e da renda nos últimos anos, os brasileiros passaram a frequentar restaurantes e a consumir mais vinhos. Mesmo assim, para José Guilisasti, diretor-geral da Emiliana, ainda é preciso educar o consumidor. Enquanto no Chile essa é uma bebida nacional e muito consumida, no Brasil, "é artigo de luxo", afirma o engenheiro agrônomo de 57 anos. "É impressionante a variedade de rótulos, de todas as partes do mundo, mas a penetração no mercado é baixa. O consumidor não sabe escolher e elege pelo preço", afirma.

Segundo ele, o brasileiro precisa entender que para cada tipo de comida há um vinho mais indicado. Os chilenos já passam por essa orientação há cerca de 30 anos, com a ajuda de informações nos rótulos dos vinhos e nos restaurantes, conta Guilisasti, que acredita que agora é a vez do Brasil. "A classe média está com fome de cultura, lê as etiquetas, quer saber", afirma.

O mercado externo responde por mais de 90% das vendas da Emiliana, que somaram US$ 28 milhões no ano passado. O Brasil é o quarto país comprador, atrás de Estados Unidos, Holanda e Reino Unido, segundo relatório financeiro da companhia.

O diretor da importadora, Celso La Pastina, estima atingir, em cinco anos, vendas anuais de 3 milhões a 5 milhões de garrafas de vinhos da Emiliana no Brasil. Atualmente a distribuição direta é mais forte no Sudeste e na Bahia, mas as grandes varejistas têm sua própria distribuição. "Queremos chegar a todos os cantinhos do Brasil", diz La Pastina.

A Emiliana tem 1 mil hectares de vinhedos em regiões como Maipo e Casablanca e 350 trabalhadores em campo. É a maior vinícola orgânica do mundo, segundo Guilisasti. Ele afirma que as pessoas entendem o que é um produto orgânico e valorizam isso, mas que não se pode cobrar a mais por conta dessa característica. "O preço pode ser maior, por conta de sua melhor qualidade", defende. Os custos de produção são maiores do que numa vinícola que usa fertilizantes e agrotóxicos. De acordo com o executivo, a escolha pelo cultivo orgânico foi, mais do que uma preocupação ecológica, um cuidado com os trabalhadores, que na década de 90 eram muito expostos a produtos químicos.

A família Guilisasti está há 57 anos à frente da Concha y Toro, maior vinícola do Chile, com 131 anos. Pai de José, Eduardo Tagle dirigiu a empresa que hoje está sob o comando de seus filhos. Dos sete rebentos, os quatro homens se envolveram com a companhia. O primogênito, Eduardo, é hoje CEO da dona do Casillero del Diablo. Os irmãos Pablo e Rafael estão no conselho de administração da Concha y Toro. Este último também preside o conselho da Emiliana, que tem José como principal executivo.



Veículo: Valor Econômico


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