De acordo com executivos, cenário econômico mais difícil tem afetado o consumo doméstico. A produção somou 1,2 bilhão de litros em janeiro ante 1,3 bilhão litros em igual mês do ano passado
As fabricantes de refrigerante regionais, em geral empresas de pequeno e médio porte, estimam uma demanda menor neste ano. Executivos ouvidos pelo DCI também observam que a mudança na tributação pode favorecer as gigantes do setor.
O presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros, conta que o cenário econômico mais difícil, com redução da renda disponível, aumento de juros e inflação, tem limitado os gastos do consumidor neste mês, quando tradicionamente as vendas são maiores devido as altas temperaturas. "O consumidor está cortando gastos para fechar o orçamento", acredita ele.
Em janeiro, até ontem, foram produzidos 1,2 bilhão de litros de refrigerantes contra 1,3 bilhão de litros em igual período de 2014, segundo dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) da Receita Federal.
A fabricante paranaense Cini Bebidas registrou queda de 10% na sua demanda neste começo de ano ante o projetado pela empresa. "O ano começou aquém do esperado e a demanda não está aquecida", conta o diretor da empresa, Nilo Cini Júnior. No ano passado, a Cini, que produz cerca de 40 milhões de litros por ano registou alta de 5% no volume ante 2013.
Já a paulista Saboraki registra vendas dentro do esperado esperado, mas não demostra muito otimismo para 2015. "O mês tem sido bom, mas não acredito em um ano de recuperação", afirma o diretor comercial da empresa, Francisco Venturini. As vendas de carros-chefes da Saboraki cairam10% no último ano.
Na contramão, a tradicional Frutty , de Minas Gerais, tem sido favorecida pelo calor e sua reconhecida posição no mercado regional, destaca o diretor administrativo da fabricante mineria, Rogério Vilela. No ano passado, a produção cresceu 15%, para cerca de 14,4 milhões de litros por ano. "No Sul de Minas Gerais somos concorrentes da Coca-Cola", afirma o executivo da Frutty.
Custos
Nilo Cini avalia que não será fácil contornar a alta nos custos neste ano. "Estamos estudando o impacto da mudança na tributação do setor, mas a alta nos custos vai depender também das alíquotas sobre produtos usados como matéria-prima, que também mudaram", explica ele.
A alternativa encontrada pela paranaense foi tirar de linha os produtos com embalagens de 600 mililitros. "Cortamos embalagens menores, porque o custo subiu e, para compensar, lançamos novos produtos com foco na rentabilidade do portfólio", diz Cini.
Já a Saboraki vai reajustar em 4% o preço dos produtos, partir da próxima segunda-feira (2). "O varejo já percebeu que houve um aumento de custos em toda a cadeia. Vamos ter que repassar para os preços", avalia Venturini.
Segundo o diretor, a mudança na tributação do setor (Lei 13.097/2014), que agora prevê a incidência da alíquota com base no preço pelo qual o produto é comercializado, não resolve os problemas de competitividade frente as gigantes. "As grandes têm uma estrutura que as ajuda a reduzir os impactos da tributação, coisa que as [empresas] menores não têm", pondera o executivo.
Na avaliação do presidente da Afrebras a tributação ainda gera concorrência desleal, favorecendo as grandes fabricantes. "Ainda é preciso brigar para tornar a concorrência mais justa", defende ele.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), que representa empresas como Coca-Cola e Ambev, destacou que a nova tributação tornou mais previsível o planejamento tributário das indústrias.
Veículo: DCI