Três anos depois de ter sido acusada pelo Ministério Público Estadual de sonegação fiscal, agora a marca de refrigerantes Del Rey, com sede em Ribeirão das Neves (RMBH), estaria passando por dificuldades financeiras. A empresa estaria trabalhando de portas fechadas desde novembro de 2015, com equipe reduzida para atender apenas pedidos pagos antecipadamente.
As informações são de uma fonte do setor, que preferiu não se identificar. Segundo ela, os rumores de que a empresa estivesse quebrando tiveram início há cerca de um ano. Desde então, funcionários desligados não receberam seus acertos, mesmo depois de um “queimão” realizado no terceiro trimestre de 2015.
Um ex-funcionário, que se desligou da empresa em junho, alega que está recorrendo à Justiça para tentar receber seus direitos, acompanhado de colegas que também seguem sem receber. “Por isso estão trabalhando de portas fechadas. Eles não podem emitir boleto de venda, pois senão a Justiça bloqueia os recursos”, justifica.
Além disso, repositores de uma rede de supermercado da Grande BH afirmam que a marca não repõe os estoques de refrigerantes desde setembro do ano passado. A reportagem não localizou ninguém da empresa para comentar o assunto.
O esquema de sonegação envolvendo a Refrigerantes Del Rey, com uma dívida ativa aproximada de R$ 180 milhões, foi desvendado em 2012, na operação conjunta “Que Rei Sou Eu” do Ministério Público, Receita Estadual e as polícias Militar e Civil em Minas. A denúncia contra o grupo empresarial incluía a criação de empresas em nomes de “laranjas” e formação de empreendimentos “fantasmas” em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com o mesmo intuito de driblar a fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF). No ano anterior, em outra investigação, o Ministério Público Federal já havia acusado a fábrica de sonegar R$ 38 milhões.
Apesar da comprovação das fraudes, a empresa, que possuía, em 2012, cerca de 700 empregados, continuou funcionando. Desde aquela época, a Del Rey passou a integrar um sistema especial de fiscalização da receita estadual.
Terceiros - Conforme publicado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO em 2012, a acusação era de que, desde 1999, os proprietários da Del Rey criavam distribuidoras em nome de “laranjas” para revender as bebidas produzidas na fábrica. Essas empresas arcavam com o valor do imposto, que não era recolhido. Quando eram descobertas pela SEF, simplesmente fechavam as portas. Sem patrimônio e ligação direta com o grupo Del Rey, já que estavam em nomes de terceiros, as empresas não tinham como arcar com a dívida. E a saúde financeira do grupo principal permanecia intacta.
Em um segundo momento, o grupo passou a simular a compra de insumos de fábricas fantasmas, sediadas no Rio de Janeiro, como forma de transferir créditos “podres” de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que eram descontados no momento em que os refrigerantes eram vendidos.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG