A Ambev e o Grupo Petrópopara serem incluídos como terceiros interessados na avaliação do processo de compra da Brasil Kirin pela holandesa. A principal alegação da Ambev - que detém 66% do mercado, segundo a Nielsen - e da Petrópolis (dona de outros 14,1%) é o risco de concentração de mercado após a união da Heineken com a Brasil Kirin. A Heineken tem 9% de participação nas vendas brasileiras de cerveja e a Brasil Kirin, 8,4%. A compra, avaliada em R$ 2,2 bilhões, foi anunciada no dia 13 de fevereiro e o pedido de avaliação pelo Cade foi publicado no Diário Oficial da União no dia 1º de março.
A Heineken pediu ao Cade que o negócio seja avaliado em rito sumário, que tem prazo de 30 dias para conclusão. As concorrentes querem mais tempo para apresentar documentos e pareceres sobre possíveis impactos decorrentes da compra. Se o Cade aceitar a inclusão das empresas como partes terceiras interessadas, o rito sumário pode ser substituído por um rito ordinário, elevando o prazo da análise para pelo menos 180 dias. Com isso, as rivais ganham mais tempo para se preparar para um concorrente maior.
A Ambev, assessorada pelo escritório Pereira Neto Advogados, alega na petição que a compra geraria concentração de mercado na área de cerveja, principalmente no Sul e no Nordeste, onde a Heineken e a Brasil Kirin detêm juntas mais de 20% do mercado . Ambev também afirma que a Heineken não deixou claro se manterá o contrato de distribuição de produtos com a Coca-Cola Femsa, previsto para ser encerrado em 2022. De acordo com a Ambev, a distribuição conjunta de bebidas não alcoólicas da Coca-Cola e da Brasil Kirin geraria uma concentração no mercado de refrigerantes. A já Coca-Cola tem uma partic ipação próxima de 60% no mercado de refrigerantes. A Ambev, com o Guaraná Antarctica, tem 14% do mercado. A Brasil Kirin tem participação inferior a 5%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir).
O Grupo Petrópolis, que também pediu para entrar como terceira parte interessada no ato de concentração, alega na petição que a compra geraria uma concentração "ainda maior" no mercado brasileiro de cerveja. "O cenário previsto é desalentador para a concorrência, principalmente para esta requerente, que já não tem espaço produtivo capaz de rivalizar com as duas gigantes em escala no mercado brasileiro e mundial", afirmou a Petrópolis na petição. A Federação Brasileira das Associações dos Distribuidores Brasil Kirin (Febradisk), representada pelo escritório Lee, Brock, Camargo Advogados (LBCA) também pediu ao Cade para entrar como terceira parte interessada no caso. A associação representa os 180 revendedores da Brasil Kirin, que juntos empregam 15 mil pessoas. A Febradisk pediu ao Cade um prazo de 30 dias para apresentar laudo econômico contendo restrições que devem ser consideradas para a aprovação da compra.
Fonte: Valor Econômico