O frigorífico Independência, que está em recuperação judicial, negocia com instituições financeiras a emissão de títulos no mercado internacional para levantar recursos e pagar dívidas com pecuaristas e fornecedores.
A empresa trabalha nessa operação desde dezembro passado, logo depois de sua recuperação judicial ter sido aprovada pelos credores. Como ainda não conseguiu fechar o financiamento a companhia informou, na última sexta-feira, a pecuaristas e fornecedores que adiaria o início do pagamento do valor mínimo de R$ 100 mil previsto no plano para ocorrer até 31 de janeiro deste ano. Com a prorrogação, também prevista no plano, os pagamentos deverão ocorrer até 31 de março.
De acordo com a empresa, o modelo da emissão ainda não está totalmente definido, mas a colocação de bonds no mercado internacional é uma possibilidade. O Independência negocia com vários investidores, inclusive com instituições que já são suas credoras no processo de recuperação judicial.
O objetivo com a operação é levantar até R$ 260 milhões, valor estimado no plano de recuperação para que a empresa volte a operar mais fábricas. Hoje apenas as unidades de abate de Rolim de Moura (RO) e Janaúba (MG) estão abertas, sendo que esta última está em férias coletivas . Também estão em atividade os curtumes de Nova Andradina (MS) e Colorado do Oeste (RO) e a fábrica de charque em Santana de Parnaíba (SP).
A empresa espera que a operação de financiamento seja concluída em meados de março e afirma que "o atraso na aprovação do plano de recuperação", o "ambiente econômico ainda instável" e o período de fim de ano impediram a conclusão da operação a tempo de pagar os fornecedores até 31 de janeiro deste ano.
Só com pecuaristas, a dívida do Independência alcança R$ 194 milhões, conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso - Acrimat. Ao todo, a empresa tem débitos com 1.524 criadores espalhados por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais e Goiás.
As dívidas totais do Independência - que surpreendeu o mercado ao pedir recuperação judicial há quase um ano - chegavam a R$ 3 bilhões. Dentro do plano de recuperação judicial, aprovado em novembro, os credores financeiros (com créditos de R$ 2 bilhões) aceitaram dar um perdão de 50% à empresa.
O plano aprovado também prevê que os acionistas "obrigam-se" a buscar a venda do controle da empresa. Além disso, se houver venda do controle, os credores financeiros terão direito a um bônus de subscrição, uma espécie de ação do frigorífico. Ficou acertado que, nesse caso, 50% do valor da operação será dividido entre os credores financeiros.
Veículo: Valor Econômico