As exportações de carnes e do setor sucroalcooleiro foram os destaques da balança comercial do agronegócio em janeiro, segundo dados dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgados ontem. As vendas de carne somaram US$ 868,4 milhões no primeiro mês do ano, um incremento de 10,7% ante janeiro de 2009. Os números das negociações envolvendo a carne bovina in natura foram os que chamaram mais atenção dentro do segmento. Houve aumento de 18,4% na quantidade de produto embarcado, enquanto os preços ficaram 20,8% superiores, o que significou num crescimento de 43,1% do valor exportado (US$ 318 milhões).
A carne suína in natura também registrou altas. Não só houve incremento de 6% na quantidade exportada, mas também aumento dos preços de 17,6%, o que resultou em um acréscimo de 24,6% do valor do grupo em janeiro último ante idêntico mês do ano passado. Já no caso da carne de frango in natura, houve retração do valor exportado de 0,9% na comparação dos dois meses de janeiro. A queda deu-se em função da menor quantidade de vendas no período (-14,5%), já que os preços aumentaram 15,8% nesse intervalo de tempo.
Na esteira da valorização, principalmente, do preço do açúcar em função da quebra da safra de cana na Índia, as exportações de produtos ligados ao complexo sucroalcooleiro brasileiro também dispararam no mês passado ante janeiro de 2009. Houve incremento das vendas de 28,3%, já que as exportações somaram R$ 845,7 milhões em janeiro de 2010 ante R$ 659,3 milhões em idêntico mês de 2009. Somente o açúcar respondeu por um crescimento de 34,3% no volume exportado. Comparando o primeiro mês de 2010 com 2009, os embarques de café subiram 13,8% (US$ 358,9 milhões).
Apesar da perspectiva traçada terça-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de que a safra de soja 2009/2010 será recorde em 66,7 milhões de toneladas, a exportação do grão desabou em janeiro em relação ao mesmo mês de 2009. As vendas do complexo de soja caíram 50,5% no período, totalizando US$ 316,3 milhões. No acumulado de 12 meses até janeiro, as exportações do complexo também seguem negativas, com queda de 5,6%. Elas passaram de um total de US$ 17,916 bilhões para US$ 16,916 bilhões.
De acordo com o secretário de relações internacionais do agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, a queda das vendas de soja nos meses de janeiro é considerada normal porque a nova safra ainda não foi colhida. Eles destacou que a redução este ano foi mais expressiva por conta de um movimento de antecipação das vendas externas do produto, que foi recorde no ano passado. O resultado do complexo de soja, porém, influenciou negativamente a balança do agronegócio em geral, que registrou queda de 1,8% no primeiro mês de 2010 na comparação com 2009, somando US$ 4 bilhões.
BRIC. Os demais países do Bric (Rússia, Índia e China) representam atualmente 12,3% das compras de produtos brasileiros feitas por todo o mundo. Em janeiro, houve incremento das exportações de 12,7% para a Rússia (R$ 208,6 milhões) e de 148,8% para a Índia (R$ 164 milhões), mas queda de 28,1% para a China (US$ 132 milhões). O país que mais compra do Brasil - os Estados Unidos, com participação de 9,2% nas exportações - também diminuiu o ritmo de consumo em 8,2% em janeiro ante o mesmo mês de 2009, totalizando compras no total de US$ 374,7 milhões.
Em termos de blocos econômicos, a União Europeia segue como o maior cliente dos produtos brasileiros (participação de 30%), apesar da queda das negociações com os países europeus em janeiro (-13,5%) na comparação com janeiro do ano passado, o que equivale a vendas de US$ 1,230 bilhão.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ