Carnes: Diversificar mercados é opção à crise europeia

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A eclosão da crise econômica na Grécia, que rapidamente lançou dúvidas sobre as condições econômicas de outros países-membros da UE, reacende as preocupações em relação à recuperação global e suas implicações nas exportações brasileiras em geral e de carnes (incluídas as de frango, bovina e suína) em particular.

 

O equilíbrio do mercado brasileiro de carnes passou a sofrer grande influência das exportações na medida em que o país passou a exportar cerca de 25% da produção de carne bovina, 30% da de frango e 20% da suína.

 

Nessas circunstâncias, quedas acentuadas nos volumes exportados causam evidentes desequilíbrios de oferta no mercado interno.

 

O desempenho das exportações brasileiras de carnes nos últimos dois anos é uma clara demonstração de como uma crise econômica pode nos afetar indiretamente.
Essas exportações, que chegaram a atingir US$ 12,13 bilhões em 2008, recuaram, com a crise econômica, para US$ 9,68 bilhões em 2009, com queda de 20%.

 

É evidente que outros fatores específicos também podem ter contribuído para esse resultado, mas a recessão em alguns mercados-chaves parece ser o maior.
A diversificação de mercados vem sendo constantemente perseguida pelos exportadores brasileiros, com razoável sucesso, e é sem dúvida uma alternativa para contornar o problema.

 

Nesse sentido, é notável o crescimento das exportações para países como o Irã, que evoluíram de US$ 108,5 milhões em 2004 para US$ 353,6 milhões em 2009.
Também é auspicioso o acordo sanitário firmado com a China, que deve resultar na abertura, em breve, daquele formidável mercado para as exportações brasileiras de carne suína.

 

Esses são apenas dois exemplos de avanços que vêm sendo alcançados, mas que ainda se mostram insuficientes para compensar as quedas acentuadas, como as que ocorreram -e ainda podem ocorrer- nas exportações para a UE.

 

De qualquer maneira, um encolhimento ainda maior de mercados importantes, e por um período de tempo relativamente longo, como infelizmente parece ser possível, não deixaria de ser muito prejudicial para o setor exportador de carnes.
Mesmo porque mercados como o da UE estão entre os que mais pagam pelo produto que importam.

 

Além de dar continuidade aos esforços para eliminar barreiras e abrir novos mercados para as exportações, seria extremamente benéfico para as exportações brasileiras de carnes que o recente pacote de salvamento para algumas economias da UE, de US$ 1 trilhão, seja efetivamente bem-sucedido, com os resultados não se limitando a uma mera postergação de um desfecho mais negativo.(JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.)

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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