Investidores temem efeitos da desvalorização do real e da crise, mas companhia vê cenário bom
Por um golpe de azar, o Marfrig anunciou ontem uma nova aquisição na Europa e, no mesmo dia, uma grande firma de investimentos criticou o seu alto endividamento e sua exposição à crise europeia. Umrelatório da Raymond James recomendou a venda das ações da empresa, derrubando os papéis em 6,2% no pregão de ontem. O Ibovespa, índice das principais ações da bolsa paulista, caiu 1,2%.
A compra da indústria de aves irlandesa O’Kane Poultry, por cerca de R$ 70 milhões, não está fora da estratégia nem representa um grande impacto na dívida do Marfrig — 4 vezes maior que sua geração de caixa operacional (Ebitda). Mas foi entendida pelo mercado financeiro de que a estratégia de crescer por aquisições, especialmente na agora perigosa Europa, está sendomantida.
Também preocupa o fato de 76% da dívida do Marfrig ser em moedas estrangeiras, emummomento em que o real se desvaloriza.“ Cercade70%danossa receita também é em moeda estrangeira, mantemos o compromisso de reduzir o endividamento, e a compra da O’Kane substitui investimentos que faríamos em duas unidades nossas”, rebate o diretor de relações com investidores, Ricardo Florencedos Santos.
Cerca de 30% da receita do Marfrig no primeiro trimestre veio da Europa, o que para os analistas da Raymond James representa uma exposição às“difíceis” economias europeias. É preciso ressaltar, contudo, que a compra da Seara reduziu sensivelmente o peso da Europa na receita: no primeiro trimestre de 2009, o Velho Continente representava 70% das vendas.
“Nosso negócio na Europa mostrou-se pouco vulnerável a crises em 2009”, afirma Florence, citando que os pratos prontos ganham espaço contra a alimentação fora de casa e que seumercado de food service é baseado em cadeias de fast food, que também avançam na crise.
Veículo: Brasil Econômico