Com a Keystone, China entra no foco da Marfrig

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Grupo americano, comprado por US$ 1,26 bilhão, é um dos maiores fornecedores do McDonald's e tem uma fábrica na China

 

A compra do grupo americano Keystone Foods, por US$ 1,26 bilhão, leva a Marfrig Alimentos para o promissor mercado chinês e abre a possibilidade de ganhos significativos na distribuição de seus produtos no Oriente Médio. Além disso, coloca a companhia no terceiro lugar no ranking dos maiores faturamentos das empresas de processamento de carnes do mundo, atrás da JBS, também nacional, e a Tyson Foods, dos Estados Unidos.

 

A Keystone é a maior fornecedora de carne processada para o McDonald"s no mundo e tem uma planta na China. "O mais importante da operação é que passamos a ter uma plataforma global", disse Marcos Molina, presidente da Marfrig.

 

Apesar do otimismo de Molina, a aquisição bilionária, anunciada na segunda-feira à noite, não foi bem absorvida pelos analistas de mercado. As ações da empresa fecharam em baixa de 1% ontem, contra alta de 0,5% da Bovespa - sinal de que os analistas dos bancos e corretoras, mesmo depois da teleconferência com a direção da Marfrig, não se mostraram muito confiantes.

 

Se, por um lado, a expansão dos canais de distribuição e a chegada a um mercado consumidor de crescimento exuberante, como o chinês, colaboram para uma expectativa favorável, por outro, há dúvidas sobre o tamanho que a Marfrig construiu em um curto espaço de tempo.

 

A Marfrig é dona de cerca de 80 empresas, sendo que a maior parte delas foi adquirida nos últimos cinco anos. A expectativa de quem investe nas ações da companhia é saber o que será do "mastodonte", como disse um analista, diante de um ativo tão grande, construído em tão pouco tempo. Especialista em pecuária da Agra FNP, José Vicente Ferraz considera que o maior desafio será administrar o tamanho do ativo. "Não critico a compra da Keystone. A dúvida é saber como será a gestão do negócio como um todo", diz.

 

Diluição. O mercado reagiu mal à diluição da participação dos minoritários no capital da companhia. Para pagar pela Keystone, a Marfrig lançará R$ 2,5 bilhões de debêntures conversíveis que, ao final de cinco anos, vão virar ações. Atualmente, a empresa tem por volta de 347 milhões de ações e, com a operação, passará a ter mais 102 milhões. "É uma diluição significativa", aponta Rafael Cintra, da Link Corretora.

 

Uma dúvida sobre o negócio é quanto aos investidores que apoiarão a emissão de debêntures. Molina disse que os nomes já estão certos. A aposta mais forte é de que o nome por trás da operação seja o BNDES, que tem 13,89% de participação no capital total da Marfrig e subscreveu as debêntures para a aquisição da Seara. Tanto BNDES quanto Marfrig, porém, não quiseram comentar a operação.

 

Cintra lembra que, apesar das vantagens na aquisição, fica uma dúvida sobre a concentração da receita da empresa num único cliente. O McDonald"s responde por 90% da receita da Keystone. "Sempre fica uma dúvida sobre o risco quando se aposta exclusivamente em uma única fonte de receita", observa.

 

Ricardo Florence, diretor de Relações com Investidores da Marfrig, prefere não comentar a possibilidade de, com o passar do tempo, a fonte de receita se diversificar. Mas avisa: "A participação continuará sendo fortemente voltada para o McDonald"s, mas queremos atender a demanda dos nossos clientes."

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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