EUA vão acelerar liberação de carnes de SC

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USDA muda de posição sobre a liberação da importação de carnes suína e bovina do Estado brasileiro

 

Um dia depois de dizer que a liberação da importação de carne suína e bovina de Santa Catarina sairia apenas após as eleições legislativas americanas de 2 de novembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sinalizou ontem que vai agir para tentar resolver o problema em três semanas.

 

Ontem, terminou o prazo acertado com o governo brasileiro para os EUA derrubarem as barreiras sanitárias que impedem as importações de carnes. O governo americano havia se comprometido a reconhecer Santa Catarina como região livre de febre aftosa sem vacinação e de outras doenças, dentro de um pacote de concessões feitas pelos americanos para evitar retaliações no caso do algodão.

 

Anteontem, porém, o subsecretário para assuntos de regulação do USDA, Edward Avalos, disse ao presidente da Associação Brasileira Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que o prazo não seria cumprido e a liberação não aconteceria antes das eleições americanas.

 

O governo Barack Obama enfrenta uma difícil eleição legislativa, na qual corre o risco de perder a maioria na Câmara dos Deputados e até mesmo no Senado. Algumas associações de produtores americanos de suínos e bovinos foram contra a liberação da carne de Santa Catarina na consulta pública feita pelo USDA.

 

Ontem, em contatos com a embaixada brasileira em Washington, Avalos disse que o prazo combinado não foi cumprido por motivos apenas técnicos e que, agora, a USDA trabalha para que a liberação ocorra até 20 de outubro. "Não há um novo prazo definido, mas eles se comprometeram a se empenhar para resolver o problema", disse uma fonte ao Valor.

 

No dia 20 ocorre em Washington uma nova rodada das negociações sobre as retaliações do algodão. O Brasil foi autorizado pela Organização Mundial do Comércio a aplicar retaliações aos EUA por causa de subsídios concedidos pelos americanos ao algodão, mas acabou suspendendo temporariamente as medidas depois que os americanos se comprometeram com um pacote de compensações.

 

Ontem, Camargo se reuniu com representantes dos partidos Republicano e Democrata no Congresso, que sinalizaram apoio ao cumprimento do acordo com o Brasil.

 

Algumas associações de pecuaristas, porém, são contra a liberação das importações de Santa Catarina. É o caso, por exemplo, da Beef USA, que argumentou em carta ao USDA que uma eventual epidemia de febre aftosa nos EUA poderá custar entre US$ 10 bilhões e US$ 34 bilhões à economia americana. "O USDA não fez análise suficiente dos riscos, sobretudo no tocante à febre aftosa", disse Steve Fagelsong, presidente da Beef USA.

 

Outra associação de pecuaristas, a R-Calf, é contra qualquer liberação de importações de regiões do Brasil, antes que o país inteiro seja declarado livre de aftosa. "A liberação proposta pela USDA é não-científica e favorece o Brasil de forma parcial", afirma a carta entregue pela associação ao USDA.

 

O Conselho Nacional dos Produtores de Suínos e a Associação Americana dos Veterinários de Suínos admitem o princípio de liberar regiões de um país, mas alegam que, no caso de Santa Catarina, não há documentação que comprove que foram atendidos alguns requisitos técnicos como a comprovação de rastreabilidade dos rebanhos.

 

Um forte aliado do Brasil é a Federação Americana de Agricultores, que concordou com as importações. "O Avalos é político e sabe que, numa eleição apertada como essa, um voto pode fazer diferença", afirmou uma fonte brasileira que acompanha as negociações.

 

Veículo: Valor Econômico


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