Produção de frango crescerá 10% em 2011

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A previsão dos produtores de frango para 2011 é de crescer 10% ante o recorde de 12,180 milhões de toneladas esperados para este ano. No entanto, analistas do setor afirmam que este crescimento deve gerar um excedente de oferta, puxando os preços do frango para baixo. Já as exportações para o próximo ano, espera-se uma ampliação nos embarques de até 5%, ou pouco mais de 4 milhões de toneladas se comparado aos 3,830 milhões de toneladas previstos para 2010. Os dados são da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).

 

A produção brasileira de frango deve crescer 10,9% este ano, chegando a 12,13 milhões de toneladas contra os 10,932 milhões de toneladas em 2009. Apesar dos bons resultados obtidos, a média de preço pago pelo animal vivo cresceu menos que o esperado. No Estado de São Paulo a média ficou em R$ 1,65, que representa um crescimento tímido de 3% ante 2009. "Na verdade, em alguns meses os produtores tiveram grandes dificuldades com os preço do frango vivo. Principalmente abril, maio, e junho foram meses com preço muito abaixo de 2009", afirmou Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado.

 

Para ele, o que salvou a média foram os resultados deste último trimestre. Em outubro de 2009 o estado paulista vendeu o frango vivo a R$ 1,46 em média, no mesmo período deste ano os valores saltaram mais de 23%, fechando em R$ 1,84. "O consumo interno está muito aquecido e isso fez o preço disparar mesmo com uma produtividade maior e com as dificuldades de exportação por conta do cambio. Em dezembro, os preços devem variar em torno de R$ 2 quilo do frango vivo".

 

Mesmo assim, a rentabilidade do produtor brasileiro pode ficar menor que em 2009, dada a alta do milho. "O preço do milho subiu muito mais que o frango. O custo de produção aumentou mais do que o preço do frango. Então, há sim uma possibilidade da rentabilidade do produtor ter ficado inferior a de 2009. Mas ainda iremos avaliar isso", comentou o diretor de Mercados da Ubabef, Ricardo João Santin.

 

Santin acredita que o resultado das grandes empresas do setor terá um equilíbrio financeiro, mas os menores devem sofres um pouco mais. "Embora o preço do milho tenha ficado absurdamente alto este ano, a rentabilidade das grandes empresas devem ficar equilibradas."

 

Em 2011, se confirmado um crescimento da ordem de 10% na produção, o Brasil deve ultrapassar os volumes chineses, estimados em 12,550 milhões de toneladas neste ano, volume 3,7% maior que 2009. Já os maiores produtores do mundo, os Estados Unidos, esperam crescer 1,4% (16,648 milhões de toneladas) em 2010. "Observando esse número, se o Brasil crescer 6% e se a China ficar em 3%, já é o suficiente para alcançarmos a segunda posição em 2011", comentou o presidente da Ubabef, Francisco Turra..

 

Para Iglesias, apesar do otimismo aparente do setor, um crescimento de 10% na produção, em um ano com menores expectativas de crescimento econômico, pode ser arriscado. "O mercado interno segue muito aquecido e não vemos os produtores tirando o pé do acelerador. O setor tende a continuar com uma produtividade muito grande no ano que vem, mas o crescimento da economia brasileira não será tão grande assim", disse,

 

O maior risco, segundo o analista, é os preços do frango sofrerem uma pressão de baixa, dado o excesso de oferta, e a redução na demanda interna. Um crescimento considerado razoável por ele gira em torno de 5%. "Talvez o mercado não acompanhe esse crescimento na produção. O produtor pode ter dificuldade em relação ao preço, visto o quadro de excedente de oferta. E a tendência é que as commodities também mantenham patamares mais elevados de preços, o que deve gerar uma redução na rentabilidade", garantiu Iglesias.

 

Turra afirmou que o aumento do consumo interno, aliado à retomada dos volumes de exportação, por conta da recomposição de estoques pelos importadores, explica o desempenho da produção de frango este ano. "Não vejo risco de um superoferta de frango no mercado doméstico diante do aumento esperado para a produção em 2011. A demanda externa está muito firme."

 

O diretor de mercados da Ubabef também descarta essa possibilidade. "Não tememos o excedente de oferta. Temos a possibilidade de crescer 10% com base nas aberturas de novos mercados, como Malásia e Indonésia, que são muito interessantes", contou Santin.

 

Segundo o presidente executivo da Ubabef, o aumento do consumo interno, aliado à retomada dos volumes de exportação, foi determinante para os resultados da produção. "Por um lado, o cenário interno se mostrou positivo, com alta no consumo per capita, que deverá ser próximo a 44 quilos em 2010. Por outro, a recuperação dos patamares de consumos dos tradicionais importadores e a abertura de novos mercados contribuíram para a conquista desse resultado", finalizou.

 

Veículo: DCI


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