Estimativa divulgada ontem pela corretora Brascan prevê a divulgação, nesta terça-feira, de prejuízos líquidos milionários obtidos pelas empresas Sadia e Perdigão durante o terceiro trimestre do ano. No primeiro caso, o rombo deve somar R$ 720 milhões, ante resultado positivo de R$ 120 milhões verificado no segundo trimestre de 2008. No segundo, a perda é estimada em R$ 104 milhões, contra um resultado negativo de R$ 882 milhões registrado entre maio e junho de 2008.
"O setor de alimentos continua aquecido em termos de vendas, tanto no mercado interno quanto no externo", explica o estudo. Contudo, o câmbio deve atrapalhar o resultado final de ambas as empresas. No caso da Sadia, já foi informada a perda de R$ 760 milhões em exposições alavancadas no mercado de derivativos. A análise mostra que "o resultado a ser divulgado pela Sadia deverá confirmar forte crescimento de vendas, impulsionado pela crescente demanda externa por aves brasileiras e interna por alimentos processados". Para se ter uma idéia, a receita líquida obtida entre julho e setembro deve contabilizar R$ 2,763 bilhões, um aumento de 28,5% frente ao obtido no mesmo período de 2007. "O forte prejuízo, porém, será verificado basicamente devido a grandes perdas financeiras com instrumentos de derivativos de câmbio", concluiu o material.
No caso da Perdigão, a valorização do dólar frente ao real deve resultar em uma perda financeira de R$ 253 milhões. Logo depois de a Sadia anunciar suas perdas no mercado de derivativos, a Perdigão informou não possuir operações especulativas similares. Sua exposição cambial é de até três meses com contratos de hedge natural, segundo a Brascan. A receita líquida da empresa deve vir em R$ 3 bilhões, o que equivale a um incremento de 81,6% sobre o terceiro trimestre de 2007. Neste caso, a alta da moeda norte-americana beneficia a empresa, por conta das exportações. "As margens da companhia deverão apresentar uma melhora marginal, pois os efeitos da queda dos custos serão sentidos a partir do quarto trimestre de 2008", explicou a análise.
"O setor de alimentos, por, em termos de prioridade, entrar no primeiro lugar na escala, é afetado em menor proporção em um momento de crise", justificou um analista. Ontem, as ordinárias da Perdigão tiveram desvalorização de 1,9%, para R$ 28,41, enquanto que as preferenciais da Sadia caíram 6%, para R$ 4, e suas PNs foram a R$ 6,98 (-1,5%).
Veículo: DCI