Preço médio do suíno vivo subiu 0,9% no 1º semestre

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O preço médio do suíno vivo em Minas encerrou junho com variação positiva de apenas 0,9% e valor de R$ 2,26 por quilo. O resultado, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ficou acima do observado nos demais estados produtores, que encerraram o período com queda de até 9,4% nos preços.

 

Mesmo com o aumento, as perspectivas em relação à suinocultura mineira são pessimistas, isto pelos preços pagos pelo animal vivo estarem equivalentes aos custos de produção, impedindo a geração de lucro para o suinocultor. A manutenção do cenário atual poderá provocar a redução do plantel no Estado. Apesar do preço médio ter ficado praticamente estável, foi registrada queda em duas das quatro regiões pesquisadas pelo Cepea.

 

Segundo o Boletim do Suíno, na região de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, foi verificada alta nos preços pagos pelo quilo do animal vivo de 3,1%. O preço médio ficou em R$ 2,18, o máximo em R$ 2,31 e o mínimo em R$ 2. Em Pote Nova, na Zona da Mata, houve incremento de 2,5%. As quedas foram observadas no Sul de Minas (5,4%), seguido pela região de Belo Horizonte, com retração de 5,2%.

 

De acordo com o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), João Bosco Martins de Abreu, as quedas de preços registradas nas regiões de Minas e dos demais estados produtores foram provocadas pela ameaça da Rússia e da Ucrânia de suspender as importações de carnes suínas do Brasil, o que aumentaria a oferta do produto no mercado interno.

 

"A manutenção e a queda dos preços foram provocadas pela pressão dos grandes compradores de carne suína, que aproveitaram o cenário de incerteza para reduzir os preços pagos aos produtores. No entanto, com a divulgação dos dados de exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), vimos que o produto apresentou aumento nos embarques, inclusive para a Rússia", diz Abreu.

 

De acordo com dados do Mdic, as exportações brasileiras de carne suína tiveram aumento de 18,9% de maio para junho, passando de 38,7 mil toneladas para 46 mil. Considerando somente os embarques para a Rússia de carcaças, meias-carcaças e outras carnes de suíno, a elevação foi de expressivos 60,3%.

 

De acordo com o Cepea, o motivo para os preços desfavoráveis foi o excesso de oferta no mercado. As quedas sucessivas do preço ao produtor, combinadas com os custos relativamente altos de produção, resultaram em aumento do número de animais enviados para abate, já que os produtores temiam prejuízos ainda maiores com a suspensão dos embarques. Os dados do Cepea apontaram que as maiores desvalorizações ocorreram no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul, estados que, junto com o Paraná, foram impedidos de exportar carnes para a Rússia.

 

"A desvalorização dos preços pagos pelo suíno não era esperada, uma vez que o período é de alta demanda. Nossa expectativa é de que os valores aumentem ao longo de julho. Na primeira semana deste mês já observamos uma alta de 15% em Minas, sendo o quilo do suíno comercializado em torno de R$ 2,60. Mesmo com a elevação, os produtores mineiros seguem acumulando prejuízos, já que o custo médio por quilo de animal vivo está equivalente ao preço de venda", esclarece Abreu.

 

Outro problema enfrentado tanto pelos suinocultores de Minas como dos demais estados produtores foi a queda do poder de compra, que seguiu recuando em junho frente aos principais insumos, milho e farelo de soja. Com os insumos em patamares elevados e os preços do suíno vivo relativamente baixos, o produtor perdeu cerca de 5% do seu poder de compra frente ao milho e 2,4% frente ao farelo de soja, ao longo do mês. A tendência em relação aos preços do milho é de novas elevações, isto pelas geadas registradas no Sul do país, que comprometeram parte da produção do cereal em um momento de demanda aquecida.

 

África do Sul - De acordo com Martins, mesmo com o cenário desfavorável, um fator que poderá limitar a oferta de carne suína no mercado brasileiro é a retomada das exportações brasileiras para a África do Sul, anunciada no final de junho. O embargo vinha desde 2005, quando ocorreram focos de febre aftosa bovina no Brasil.

 

"A reabertura veio em momento de fundamental necessidade de diversificação dos parceiros comerciais do Brasil no setor. Esperamos que com a retomada dos embarques ocorra a queda da oferta de suínos no mercado interno e os suinocultores passem a receber mais pelo produto".

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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