Maior fornecedor de carne bovina,o frigorífico JBS conquistou um novo título

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Quem visita a sede do frigorífico JBS, na marginal Tietê, em São Paulo, verá por quase todos os lados esculturas de vacas em fibra de vidro. São mais de 20 delas, espalhadas desde a guarita de entrada até a antessala do presidente da companhia, o goiano Wesley Batista, de 42 anos. Nada mais natural. Afinal, o JBS surgiu como uma pequena casa de carnes em Anápolis, interior de Goiás, em 1953. Ao longo dos anos 2000, ele ganhou musculatura e se transformou na maior fornecedora de carne bovina do mundo, que deve faturar mais de R$ 70 bilhões em 2012. De cada dez bois abatidos no planeta, um deles é morto em um frigorífico da empresa. Mas existe outra área na qual a família Batista também alcançou o topo do mundo: a de frangos.

Em apenas três anos, a área de frangos da JBS faturou R$ 18 bilhões, o que representa 25% de sua receita anual. Em cinco anos, pode chegar a 40%

Com apenas três anos atuando nessa área, desde que comprou a americana Pilgrim’s, por US$ 2,8 bilhões, o JBS se transformou no mês de agosto no maior fornecedor mundial de frangos. A marca foi alcançada quando as granjas da Doux Frangosul, no Rio Grande do Sul, arrendadas em maio deste ano, atingiram sua capacidade máxima de produção. Com isso, o JBS passou a abater 8,5 milhões de aves por dia, mais do que a americana Tyson Foods, que tem uma média de 8,4 milhões, segundo o balanço da companhia. “Esse já é um negócio de mais de R$ 18 bilhões para o JBS”, afirma Wesley Batista. Em 36 meses, o setor de aves passou a representar 25% do faturamento da companhia. Em cinco anos, a estimativa é que possa chegar até a 40%.

“Existe muita oportunidade no negócio de aves”, diz Batista. “Temos recebido muitas ofertas, mas o nosso foco, agora, é colocar a Frangosul para rodar.” Não será tarefa das mais simples. A operação brasileira da Doux Frangosul, do empresário francês Charles Doux, estava à beira da falência quando as unidades industriais de Passo Fundo e Montenegro, no Rio Grande do Sul, e Caarapó, em Mato Grosso do Sul, foram arrendadas por até dez anos. Doux tentou por duas vezes vender a empresa para a família Batista, incluindo os ativos da França. Mas a conversa não evoluiu. Em janeiro deste ano, o empresário voltou à carga, desta vez, oferecendo apenas a filial local. Era uma tentativa derradeira de evitar que ela fosse à bancarrota.

E deu certo. “A entrada no JBS na Doux Frangosul tem um impacto positivo”, afirma Ricardo Santin, diretor da União Brasileira de Avicultura. “Ela solidifica o setor ao não deixar o terceiro maior produtor brasileiro parado e dá estabilidade à cadeia.” O JBS contratou a KPMG, que finaliza, no momento, uma auditoria na Doux Frangosul, para saber se deve exercer a opção de compra. Até agora, já descobriu passivos de mais de R$ 1 bilhão. “Vamos ter de fazer uma reestruturação dessa dívida”, diz Batista. “Precisamos nos entender com os credores.”

Ele está preocupado com a alavancagem do JBS, que é de 4,27 vezes a sua geração de caixa, considerada elevada para o setor. Mas a área de aves é tida como promissora, na visão de Batista. Apesar de a operação de frangos nos Estados Unidos ter tido prejuízo de US$ 496 milhões, no ano passado, ela recuperou-se nos seis primeiros meses de 2012, quando lucrou US$ 109 milhões. Com a Doux Frangosul, o grupo acrescentará mais R$ 1,5 bilhão anuais à sua receita. Percentualmente, esse dinheiro representa apenas 2% do faturamento do JBS. A soma, no entanto, é superior ao que fatura a imensa maioria das empresas brasileiras.

 
Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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